Bolsonaro já vivia sob uma prisão domiciliar anômala: isolamento total, incomunicabilidade, vigilância ostensiva e limitações que atingiam até familiares. Medidas incompatíveis com qualquer protocolo legal, transformando a punição em algo que transcende o indivíduo e recai sobre seu entorno. Nada semelhante havia sido imposto a uma figura pública de sua projeção desde a redemocratização.
Agora, neste 22 de novembro, número que inevitavelmente remete ao universo político do ex-presidente, a prisão preventiva é decretada de forma súbita, ampliando a percepção de que o processo contra ele se move com uma velocidade e uma severidade incompatíveis com o tratamento dado a outros investigados. É mais um sinal claro de que Bolsonaro não é julgado como cidadão, mas como inimigo.
É nesse contexto que a metáfora do Tártaro, o abismo mitológico destinado aos titãs, se torna cada vez mais evidente. Numa clara demonstração de perseguição, Bolsonaro é lançado a uma espécie de subterrâneo jurídico criado para confiná-lo e neutralizá-lo. Não se trata,, de responsabilização, mas de contenção política. Os titãs não eram punidos apenas pelo que fizeram, eram isolados porque representavam força, desafio e influência.
E é justamente isso que torna o movimento contra Bolsonaro tão explosivo. Mesmo pressionado, vigiado e agora novamente encarcerado, ele mantém uma capacidade de mobilização que nenhum político brasileiro possui. As tentativas de reduzi-lo à insignificância têm produzido o efeito inverso, cada nova ação judicial recoloca seu nome no centro do debate, reacende sua base e eleva a temperatura do país.
Ao endurecer contra Bolsonaro, o sistema produz uma consequência inevitável: transforma o ex-presidente em símbolo de resistência. A dureza das medidas, somada ao clima de hostilidade institucional, reforça a narrativa de que ele enfrenta não uma investigação, mas um aparato disposto a destruí-lo politicamente.
Assim como no Tártaro, onde os titãs eram mantidos sob vigilância por medo do que representavam, a nova prisão de Bolsonaro é mais uma tentativa de impedir que sua influência continue reverberando.
Tentativa inglória.
A cada passo, fica evidente que o impacto político da figura de Bolsonaro permanece, mais forte agora do que antes da própria prisão.
O fato é duro: ao tentar silenciar Bolsonaro, seus adversários o amplificam. E o Brasil, mais uma vez, é arrastado para o centro de uma disputa que define não apenas o destino de um homem, mas o rumo do próprio país.