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segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

Ministério dos Povos Indígenas só se preocupou com festa e etnocídio continua, diz Daniel Munduruku

Segunda, 15 de janeiro de 2024

Foto: Guito Moreto

O Ministério dos Povos Indígenas até agora se preocupou muito mais com “festas” e viagens internacionais do que com a atuação concreta em favor dos povos originários, afirma o escritor e ativista indígena Daniel Munduruku.

Na manhã de sexta (12), em uma rede social, ele escreveu que “os dados sobre a saúde dos yanomami não deixam dúvidas: criar um ministério cirandeiro apenas para apagar incêndio é replicar a velha política do pão e circo”.

ele diz que a persistente crise que atinge os yanomamis dá a impressão de que “realmente o ministério se preocupou muito mais com a festa, com isso que eu chamei de cirandeiro, e menos com uma atuação prática”.

“A gente viu muito mais a ministra [Sonia Guajajara], sobretudo, andando por vários cantos do mundo e menos ela, de fato, atuando dentro do Brasil, dentro das áreas indígenas”, diz.

“Numa comparação boba, é como se eu me dedicasse mais a vender meus livros para que um público externo visse a beleza do que eu escrevo do que querer que meus livros tenham algum tipo de impacto dentro da sociedade brasileira.”

Ele reconhece que o ministério foi criado com pouco espaço orçamentário e elogia a atuação conjunta de algumas pastas, como a da Saúde. No entanto, diz que isso “não foi suficiente para criar aquilo que o presidente [Lula] havia dito que ia fazer, que era realmente um atendimento muito especial para a população yanomami.”

“Meu povo munduruku está ali, passando pela mesma situação dos yanomami. Eles estão vivendo o mesmo drama, que é a invasão garimpeira”, continua.

“Em todos os lugares do Brasil têm esses problemas acontecendo. E a gente não vê, de fato, uma mobilização para conter esse tipo de… continua sendo, né, um etnocídio. Agora dessa vez vindo de onde a gente menos espera, ou pelo menos sendo aceita de onde a gente menos espera.”

Na avaliação dele, o ministério deveria chamar as lideranças mais velhas para conversar e dar um protagonismo aos indígenas.

“Eu diria até que talvez uma das urgências seria reformular, refazer, recriar o conselho dos povos indígenas, e que pudesse ser um conselho deliberativo também, ouvir e se esforçar para cumprir aquilo que essa população tem e que é preciso para manter minimamente a sua cultura.”

“E veja que a questão aqui não é só demarcação de terra, aliás nós não tivemos quase demarcação de terra este ano, que era uma das promessas de campanha também. Então alguma coisa está fora da ordem.”

Ainda da sexta, o Ministério dos Povos Indígenas publicou em uma rede social um fio com as ações realizadas para enfrentar a crise dos yanomami e sobre a atuação da pasta.

Painel – Folha de S. Paulo

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