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quinta-feira, 31 de julho de 2014

Magistrados alegam suspeição para recusar processo criminal

31 de Julho de 2014

Dois magistrados do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte (TJRN) alegaram suspeição para assumir processo que analisa o envolvimento do juiz José Dantas Lira na concessão de liminares fraudulentas. Em apenas 24 horas, o corregedor do TJ, Carlos Santos, que presidia o inquérito saiu de férias, e os magistrados Herval Sampaio e Expedito Ferreira declinaram da presidência. Até o início da noite de ontem, nenhum juiz havia sido designado para o caso.

Marcos Costa

Herval Sampaio Júnior recorreu a questões de foro íntimo

Na última terça-feira, o Ministério Público acusou o juiz da 2ª Vara Cível de Ceará Mirim, José Dantas Lira, de comandar um suposto esquema de fraude de liminares. Mandados de busca e apreensão foram cumpridos no município, em Natal e Parnamirim. De acordo com o ente, o esquema objetivava facilitar a obtenção de empréstimos consignados para servidores em dificuldades financeiras. 

O filho do magistrado, José Dantas de Lira Junior; o advogado Ivan Holanda; o corretor de empréstimos, Paulo Aires Pessoa, e um servidor do Judiciário, identificado apenas como Clístenes, também faziam parte do esquema. O MPRN solicitou o afastamento imediato do juiz.

Segundo a assessoria de imprensa do tribunal, o juiz Cleudson Vale, da 2ª Vara Cível de Ceará-Mirim, assumirá a vacância. Concomitantemente, a Presidência do TJRN encaminhou ofício à corregedoria comunicando o afastamento do juiz e de um servidor da vara. A nomeação de um substituto para o servidor ficará a cargo do juiz que assumir a função. As nomeações ainda não haviam sido publicadas no Diário da Justiça do RN.

Já a designação de um magistrado para assumir a presidência do processo criminal ainda não tem data para acontecer. Os dois escolhidos, juízes Herval Sampaio e Expedito Ferreira não aceitaram alegando suspeição – quando o juiz acredita que algum motivo, pessoal ou não, poderá atrapalhar sua isenção no julgamento.

O juiz José Herval Sampaio Júnior alegou questões de foro íntimo, mas preferiu não detalhar. “Por motivos de foro íntimo decidi declinar o processo. Espero que a parte interessada (TJ) designe logo um novo relator”, declarou. 

De acordo com a assessoria de imprensa do tribunal, a escolha de um novo magistrado será feita por sorteio. Enquanto isso não acontece, também não há previsão para que o MPRN dê prosseguimento ao processo.

Por meio de assessoria de imprensa, o Ministério Público informou que pretende apresentar a documentação apreendida na próxima semana – sem data definida – para análise de todas as partes envolvidas, na sede do TJRN. O processo corre em segredo de justiça, portanto a audiência será restrita aos envolvidos. Desde a última terça-feira, corre o prazo de 30 dias para que a entidade conclua o inquérito e apresente denúncia à Justiça.

Enquanto o processo correr em sigilo, a Corregedoria do Tribunal de Justiça não poderá iniciar, de imediato, a abertura de um processo administrativo contra o juiz José Dantas Lira. Ele é acusado de fraudar liminares em investigação do MPRN. De acordo com o juiz auxiliar da Corregedoria Diego Cabral, a entidade recebeu apenas um comunicado oficial da Presidência solicitando o afastamento.

“A comunicação apenas solicitou o afastamento, mas não falou o teor da ação ou nos passou a cópia do documento. Nós agora vamos solicitar os documentos que embasaram a decisão jurídica, para então abrirmos o processo administrativo”, explica.



Fonte: Tribuna do Norte

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