Sábado, 03 de agosto de 2024
A declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que não havia “nada de anormal” no pleito que declarou a vitória de Maduro nas eleições na Venezuela foi usada como munição para ataques da oposição. Levantamento da consultoria Bites identificou que a fala gerou 68,7% de menções negativas no X (antigo Twitter) nos últimos três dias, percentual superior aos ataques direcionados ao petista na visita de Maduro ao Brasil, em maio de 2023, quando foram contra 59,1% comentários negativos relacionados ao presidente.
— As buscas no Google sobre Lula estão fortemente impactadas por essa agenda negativa e quando alguém procura algo sobre o presidente aparecem conteúdos sobre essa relação do Brasil com a Venezuela — pontua Manoel Fernandes, sócio e CEO da Bites.
O levantamento identificou ainda uma repercussão negativa da declaração de Lula no noticiário da América Latina, com 3.700 reportagens sobre a relação de Lula com Maduro sendo retratada de forma negativa.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE), responsável por organizar o pleito, consagrou a vitória de Maduro para um terceiro mandato de seis anos sem apresentar os boletins das urnas e com apenas 80% de votos apurados. O resultado foi amplamente contestado por grande parte da comunidade internacional e pela oposição — unida em torno do candidato Edmundo González Urrutia, substituto da líder María Corina Machado, que foi inabilitada de concorrer pela Justiça, controlada pelo chavismo, apesar da vitória acachapante nas primárias no ano passado.
Uma onda de protestos tomou as ruas desde então, com ao menos 11 mortos e 711 detidos identificados, dentre eles 74 menores, segundo a ONG Foro Penal. Cinco estátuas do ex-presidente Hugo Chávez, padrinho político de Maduro, foram derrubadas durante as manifestações.
O presidente brasileiro, durante uma entrevista, minimizou a crise no país vizinho e disse não ver “nada de grave” ou ” de assustador” na situação. Também afirmou que o processo eleitoral foi “pacífico” e que “não houve violência”.
— O Tribunal Eleitoral reconheceu o Maduro como vitorioso, e a oposição ainda não. Então, tem um processo. Eu vejo a imprensa brasileira tratando como se fosse a Terceira Guerra Mundial, mas não tem nada de anormal — disse Lula. — Não tem nada de grave, não tem nada de assustador. Tem uma eleição, tem uma pessoa que disse que teve 41%, teve outra pessoa que disse que teve 50%, entra na Justiça e a Justiça faz.
Lula disse que é “obrigação” reconhecer o resultado das eleições após a divulgação das atas.
— Na hora que forem apresentadas as atas e for consagrado que as atas são verdadeiras, todos nós temos a obrigação de reconhecer o resultado eleitoral na Venezuela. Maduro sabe perfeitamente bem que quanto mais transparência houver, mais chance de tranquilidade para governar a Venezuela ele terá — disse.
Ele afirmou, ainda, que o o presidente venezuelano “sabe perfeitamente bem que quanto mais transparência houver”, mais tranquilidade em governar o país.
— Acho que é preciso acabar com a ingerência externa em outros países. A Venezuela tem o direito de construir seu momento de crescimento sem que haja bloqueio — declarou o petista.
O Globo
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