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domingo, 3 de agosto de 2014

Prática milenar dos sertanejos recebe aval de cientistas

03 de agosto 2014

Uma prática secular do homem sertanejo ganhou chancela científica. Dois projetos tocados pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e Instituto Federal do RN (IFRN) apontam que a utilização de água da chuva para consumo humano é possível e até saudável. Segundo os estudos, desde que o primeiro milímetro da chuva seja descartado, todo o restante possui a mesma qualidade da água colhida nos lençóis freáticos. A UFRN adotou a diretriz do aproveitamento de água como parte do plano diretor dos campi, e deve começar a instalar as estruturas em 2015.

Magnus NascimentoProfessor da UFRN Cícero Onofre comandou um estudo para avaliar a qualidade da água de chuva
O engenheiro civil e doutor em Recursos Naturais Cícero Onofre de Andrade Neto, do Laboratório de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental (Larhissa) da UFRN comandou um estudo realizado em 2008 para avaliar a qualidade da água de chuva. A estrutura nomeada de amostrador capta a água da chuva por meio de uma boca com 50 milímetros de diâmetro. A água captada segue por uma tubulação de PVC e vai enchendo armazenadores de amostras de 20 centímetros. Cada uma delas é projetada para captar um milímetro de chuva. 

O amostrador captou água em três pontos da cidade: no campus central da UFRN, em Ponta Negra e na Cidade Alta. No campus, próximo ao Parque das Dunas, o percentual de poluição é mínimo. Em Ponta Negra, a primeira chuva lava o sal – sólido mais presente na atmosfera da região. Já no centro, os gases poluentes diminuem bruscamente na primeira lavagem. Em todos os pontos foi constatado que a poluição da água da chuva estava concentrada no primeiro milímetro.

UFRN deve reutilizar a água em 2015A água captada é avaliada por três indicadores: turbidez (quantidade de sólidos), condutividade elétrica (quantidade de sal) e PH (se é mais ácida ou básica). Os três entram na conta para saber quão potável é a água.

Segundo o professor Onofre, o primeiro milímetro de chuva é chamado “água de lavagem”. “A água de chuva evapora da terra, e as coisas mais pesadas, como sais e contaminação ficam. A água é destilada. Quando cai, o primeiro milímetro limpa os gases poluentes da atmosfera e das superfícies receptoras (calhas e telhados). A partir daí a água é limpa”, afirma.

Após o amostrador, o professor também desenvolveu um sistema para captar águas pluviais. Uma calha é a superfície receptora, que direciona a água para uma pequena caixa projetada para receber um milímetro da chuva. Por exemplo: se a calha tem 50 metros quadrados de superfície, um recipiente com 50 litros é suficiente para captar um milímetro de chuva. Os outros 49mm podem ser aproveitados.

O projeto desenvolvido pela UFRN ainda não foi patenteado, embora publicado em diversas revistas científicas, com a GESTA (Revista Eletrônica de Gestão e Tecnologias Ambientais). De acordo com o professor Cícero Onofre, o projeto vem mudar um preconceito com a água da chuva.

“Toda água que bebemos é de chuva, o que temos agora é a oportunidade de colhê-la om proteção sanitária. Há um preconceito de que só quem bebe água de chuva é o povo do semiárido, que morre de sede”, afirma. Segundo ele, é uma garantia. “Hoje está cada vez mais difícil encontrar água potável.”


Fonte: Tribuna do Norte

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