martins em pauta

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Escândalo no Planalto


Coluna A Tarde:

por Samuel Celestino

Pronto. O que não se imaginava que fosse possível acontecer emergiu à luz. Atinge em cheio o Palácio do Planalto, a presidente Dilma, o ministro Ricardo Berzoini, de Relações Institucionais, o seu segundo, o secretário executivo Luiz Azevedo, e mais um assessor do ministro, Paulo Argenta. Este último apareceu com destaque na denúncia da revista Veja sobre o jogo realizado para fraudar a inquirição de ex-diretores da Petrobras, entregando-lhes perguntas que seriam feitas por senadores da base aliada do Planalto na CPI da estatal, e as respostas que deveriam ser dadas. Atinge, ainda, o ex-presidente da petroleira, José Sergio Gabrielli, a atual presidente, Graça Foster, e o ex-diretor de Relações Internacionais, Nestor Cerveró.

Todos devem estar a se retorcer diante de uma situação que já não necessita mais de CPIs para chegar às mazelas da estatal, porque o mal que a ela fizeram está feito. Em manchete de primeira página, edição de ontem, a Folha de S. Paulo põe a nu a estratégia - e os estrategistas – no indecente esforço para blindar a presidente Dilma Rousseff e, também, Graça Foster. A presidente experimenta um momento ruim do seu mandato. Tudo foi feito para não permitir que, em ano eleitoral, ela fosse alvejada pelos adversários. Está aí o acontecido, justo num ministério que funciona dentro do Palácio do Planalto, comandado por um membro do alto escalão do PT, Ricardo Berzoini.

O desgaste que o escândalo pode causar na campanha eleitoral à reeleição da presidente é de difícil suposição. Em São Paulo, onde ela tem grande rejeição, o efeito deve ser quase imediato, ainda escrevendo dentro das suposições possíveis, mas, em outros estados, principalmente no Nordeste, certamente demorará. A verdade é que a denúncia da Veja foi apenas um iceberg do que agora vem à tona a partir dos trabalhos elucidativos feitos pelos dois principais jornais paulista, a Folha e o Estado de S. Paulo, e, na semana anterior por O Globo, com ampla repercussão na mídia televisiva. Até fechar esta coluna, o Palácio do Planalto ainda não havia se pronunciado sobre a questão, porque é mesmo difícil fazê-lo. Há muitos furos dentro próprio governo, onde o caso esta na pauta número um, assim como nos meios políticos e empresarias.

A presidente talvez esteja a pagar um preço na medida em que os assessores e figuras envolvidos foram nomeados por ela, menos o ex-presidente José Sérgio Gabrielli que ela demitiu, mas foi nomeação feita por Lula. Quando a estratégia foi concebida, provavelmente no mês de maio, como se informa, o alvo era matar as CPIs da Petrobras, de modo a não perturbar a campanha da reeleição de Dilma, que não se sabe se fora informada do que era planejado dentro do Planalto de onde conduz o País.

A blindagem palaciana deu nisso. Em campanha, Dilma já foi atingida, assim como os ex-diretores da petroleira, que estão no alvo do PSDB, que anuncia uma denúncia a ser feita na Advocacia Geral da União. Pretende punições a Graça Foster, José Sérgio Gabrielli – que está imerso no inferno astral – e a Nestor Cerveró.

*Coluna publicada no Jornal A Tarde desta quinta-feira (7)

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