Sábado, 28 de junho de 2025
O preso político Claudinei Pego da Silva, de 45 anos, tentou novamente tirar a própria vida nesta quarta-feira, 25 de junho. Só está vivo porque a corda improvisada que ele usou rompeu antes do fim. Hoje, ele está na enfermaria — física e emocionalmente fragilizado. Segundo sua esposa, Priscila Kellen Oliveira, 34 anos, a situação está insustentável.
A defesa de Claudinei luta pela prisão domiciliar, pedindo que ele possa, ao menos, ser tratado com dignidade. No entanto, desde o dia 23 de maio, aguarda-se o posicionamento do STF que solicitou um parecer de uma junta médica, determinado pelo ministro Alexandre de Moraes. Claudinei permanece enclausurado, silenciosamente desmoronando.
Dor que vem de dentro e de fora
Priscila soube, por meio de outra esposa de um preso político que esteve em visita ontem, 26 de junho, que Claudinei também estaria sendo agredido e humilhado dentro da prisão.
“Jogaram spray de pimenta nos olhos dele, deram um tapa na nuca… disse que ele está muito mais magro e que fala em morrer com frequência. Ele está numa cela escura, dividida com outro preso”, contou, angustiada.
“Tenho medo de que algum policial faça algo contra ele…”.
Uma história marcada por tentativas de suicídio
Não foi a primeira vez. Em dezembro de 2023, Claudinei tentou se enforcar com uma camisa na Penitenciária da Papuda. Também naquela ocasião, a morte foi evitada por pouco — agentes conseguiram intervir a tempo.
Desde janeiro de 2023, Claudinei está atrás das grades. A pedido da família, foi transferido para a Penitenciária Nelson Hungria (MG), para que a esposa e os filhos pudessem, ao menos, visitá-lo. Mas mesmo com a proximidade, a ausência pesa mais a cada dia.
A família fragmentada pela prisão
Casado, pai de quatro filhos — três deles menores de idade. O caçula, Gabriel, de apenas 6 anos, não vê mais o pai.
“Ele voltou a fazer xixi na cama. Tem dias que chora e grita sem parar. Sente uma falta imensa do pai”, relata Priscila, referindo-se a Gabriel, único filho do casal.
Sem o provedor da casa, a família sobrevive de doações. Priscila, desempregada, vive hoje com o filho na casa da mãe em Belo Horizonte. A oficina de Claudinei, onde trabalhava para sustentar a família com serviço honesto, fechou as portas. E mesmo preso, ele precisaria continuar arcando com pensão e sustento dos filhos. De onde virá esse dinheiro?
Um erro que não custava tudo isso
A defesa afirma que Claudinei foi à Praça dos Três Poderes para acompanhar um amigo. Quando soube do caos, temeu pelo pior. Foi procurá-lo na tentativa de levá-lo embora — e acabou no lugar errado, na hora errada. Ele foi encontrado num prédio onde buscou abrigo.
Hoje, condenado a 16 anos e meio, já com sentença transitada em julgado desde fevereiro de 2024, Claudinei cumpre pena entre presos comuns — sem tratamento psicológico, sem acompanhamento clínico, sem perspectiva.
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