Quinta, 26 de junho de 2025
Com relação ao primeiro ponto, a julgar pelo seu perfil no Instagram, não parece que o maquiador parou de trabalhar com sua profissão. Pelo contrário, a agenda parece bem cheia. Ok, é até possível fazer as duas coisas ao mesmo tempo, mas claramente a assessoria parlamentar é um bico bem remunerado. Coisa, aliás, que deve ser bem comum nos gabinetes de Brasília.
Quanto ao segundo ponto, cabe à deputada provar que paga do seu bolso os serviços do maquiador. Caso contrário, teríamos um caso de rachadinha em forma de escambo de serviços.
Não deixa de ser uma certa hipocrisia dos deputados e da sociedade brasileira apontar o dedo para Érika Hilton. Todos sabem que a infinidade de aspones nos gabinetes do Congresso, com raras exceções, foi contratada com base em amizade e algum “interesse de reciprocidade”, se é que me entendem.
O problema da deputada é o simbolismo: contratar o próprio maquiador com dinheiro público carrega uma carga simbólica impactante. Ainda mais sendo a deputada quem é, uma combativa parlamentar de esquerda, sedizente protetora dos pobres e oprimidos. Neste caso, as aparências importam. A deputada, tão ciosa da aparência do próprio corpo, descuidou da aparência ética do seu mandato.
Marcelo Guterman. Engenheiro de Produção pela Escola Politécnica da USP e mestre em Economia e Finanças pelo Insper.
Fonte: Jornal da Cidade Online
Nenhum comentário:
Postar um comentário