Sexta, 21 de novembro de 2025
Zambelli permanece detida na Itália desde fevereiro, circunstância que adiciona pressão ao processo e reforça o caráter sensível da decisão.
Pagnozzi explicou que, embora a defesa sustente fundamentos jurídicos robustos, o desfecho depende em grande medida da esfera política italiana. Segundo ele, mesmo uma vitória judicial não necessariamente impediria a extradição. Em suas palavras:
“Temos um trunfo… aliás, nós temos alguns trunfos, porém… politicamente eu digo que o último papel é do ministro. Então, você ganhou na Justiça, mas o ministro pode falar: ‘Eu quero extraditar’. Então, mesmo assim esse trunfo pode não ser válido”, disse.
A observação, segundo o advogado, reflete o poder que a legislação italiana confere ao Executivo na etapa final do processo.
A principal fragilidade identificada pela defesa estaria na origem do pedido brasileiro. Pagnozzi destaca que a solicitação não teria sido formalizada pela autoridade competente. Ele argumenta:
“Se a gente for no trunfo básico, o processo tem que seguir como qualquer processo, em qualquer lugar do mundo. No da Carla Zambelli, o principal foco é que o próprio ministro que pediu a extradição da deputada não é o ministro da Justiça brasileiro.
Quem teria que pedir é o próprio ministro [Ricardo] Lewandowski, que não assinou o pedido de extradição. Então, esse pedido de extradição é nulo; assim como o pedido de extradição do Tagliaferro, porque não obedece às regras do tratado dizendo que quem é a autoridade que faz essa requisição é o ministro da Justiça.”
Para Pagnozzi, essa falha compromete a validade jurídica da solicitação enviada à Itália.
O advogado também acusa o governo italiano de descumprir compromissos internacionais. Ele afirma que houve violações em protocolos de cooperação penal e sustenta que tais mecanismos não podem ser usados para perseguir adversários políticos. Em suas palavras:
“A Itália não obedeceu uma série de acordos. A cooperação penal internacional não pode ajudar outros países a prenderem pessoas perseguidas politicamente.”
Por fim, Pagnozzi reiterou que os autos do processo contêm elementos suficientes para caracterizar a existência de perseguição política. Ele declarou:
“Se depois de tudo que Tagliaferro mostrou, de tudo que se mostrou nos autos de Carla Zambelli, também o presidente Bolsonaro e de várias pessoas de direita… falar que isso não é uma perseguição política, aí, eu não sei mais o que fazer”.
A defesa espera que esses pontos ganhem peso no julgamento, ainda que o resultado final dependa, em grande parte, da postura do governo italiano.
Fonte: Jornal da Cidade Online

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