Domingo, 03 de Janeiro de 2021

Apaixonado por futebol, o Papa Franciscorevelou suas memórias sobre o esporte em uma entrevista ao jornal italiano Gazzetta dello Sport, feita no início de dezembro do ano passado e publicada nesta sábado. O argentino Jorge Bergoglio contou que, com uma bola feita de pano, deu seus primeiros retoques na bola em um momento em que os jovens tiveram que recorrer à criatividade para jogar futebol na rua e enalteceu Diego Maradona, a quem chamou de “poeta”.
– Conheci Diego Armando Maradona durante um jogo pela paz, em 2014. Lembro com prazer tudo o que Diego fez pela ‘Scholas Occurrentes’, a fundação que cuida dos mais necessitados em todo o mundo. Na quadra ele era um poeta, um grande campeão que dava alegria a milhões de pessoas, tanto na Argentina quanto em Nápoles. Ele também era um homem muito frágil – disse o primeiro papa latino-americano.
Quando soube que Maradona havia morrido, aos 60 anos, em 25 de novembro do ano passado, Francisco orou por ele e enviou um rosário para sua família, juntamente com algumas palavras de conforto.
Na quadra ele era umpoeta […] também eraum homem muito frágil
– Eu tenho uma memória pessoal ligada à Copa do Mundo de 1986, que a Argentina ganhou graças ao Maradona. Eu estava em Frankfurt, foi um momento difícil para mim, eu estava estudando a língua e coletando material para minha tese. Eu não tinha sido capaz de ver o jogo final e só no dia seguinte soube da vitória da Argentina sobre a Alemanha, quando uma colega japonesa escreveu ‘Viva Argentina’ no quadro, durante uma aula de alemão. Lembro-me disso, pessoalmente, como a vitória da solidão porque eu não tinha ninguém para compartilhar a alegria dessa vitória esportiva. A solidão faz você se sentir sozinho, enquanto o que embeleza a alegria é poder compartilhá-la – lembrou.
Na entrevista, Francisco, aos 84 anos, fiel torcedor do San Lorenzo, revê as suas primeiras memórias futebolísticas em Buenos Aires.
– Lembro-me muito bem e com alegria, quando pequeno, minha família ia ao estádio El Gasómetro (o primeiro estádio de San Lorenzo). Lembro-me, em particular, do campeonato de 1946, que ganhou o meu San Lorenzo. Lembro-me daqueles dias que passei vendo aqueles jogadores jogarem e a alegria das crianças quando chegamos em casa. Alegria, alegria na cara das pessoas, adrenalina no sangue – afirmou.
– Tenho também outra memória, a da bola de pano. O couro era caro e nós éramos pobres. Uma bola de pano foi o suficiente para nos divertirmos e quase fazermos milagres jogando na pequena praça perto de casa. Quando criança eu gostava de futebol, mas não era um dos melhores, pelo contrário, era o que na Argentina era chamado de ‘perna dura’. É por isso que eles sempre me fizeram jogar como goleiro – acrescentou.
O papa também alertou para os perigos do doping no esporte.
– Nenhum campeão é construído no laboratório. Às vezes aconteceu e não podemos ter certeza que não acontecerá de novo. Vamos esperar que não, embora o tempo mostre os talentos que são originais e aqueles que são construídos. Um campeão nasce e se fortalece com o treinamento. O doping no esporte não é apenas um golpe, é também um atalho que anula a dignidade – disse.
Francisco falou também de seus desejos para 2021.
– Meu desejo é muito simples, digo com as palavras que escreveram em uma camiseta que me deram: ‘Melhor uma derrota limpa do que uma vitória suja’. Desejo isso a todos, não apenas ao esporte. É a maneira mais bonita de jogar na sua vida, de cabeça erguida – finalizou.
Pleno News / Terra Brasil Notícias
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