Domingo, 12 de outubro de 2025
A oposição tem duas alternativas para contrapor essa linha de campanha. A primeira, mais óbvia, é o “eu também”, em uma espécie de campeonato de populismo. O problema dessa linha é óbvia: se é para votar em populista, prefiro o original a um dublê.
Mas há uma segunda alternativa, mais trabalhosa, porém com mais chance de sucesso: a de que não existe nada “de graça”, alguém sempre vai pagar. E se o povo acha que os “ricos” é que vão pagar a conta, melhor pensar duas vezes. E aqui entra o grande trunfo da oposição: a Venezuela.
Alguns dirão que o povão não liga para política externa, pouco se lhe dá que a Venezuela seja uma ditadura, o que importa é resolver os seus problemas cotidianos. Verdade. Mas “Venezuela”, aqui, não se refere à ditadura Maduro, mas ao fracasso de um modelo econômico que é o mesmo proposto pelo PT.
Se eu sou candidato da exposição, exploraria ad nauseam os problemas econômicos da Venezuela: a inflação mais alta do mundo, recorde de pobreza extrema, migração em massa para o Brasil. E faria o paralelo com o programa irresponsável proposto pelo PT.
Além disso, há espaço para combater a falácia do “ricos x pobres”. A classe C/D respeita o empresário que chegou aonde chegou pelo seu esforço. Quem demoniza o empresário é a intelectualidade. E aqui entra a Venezuela novamente: o modelo socialista proposto por Maduro afugentou empresários, que são os responsáveis pela criação de empregos. Por isso, na Venezuela, ou você é dependente do Estado, ou você migra para outro país.
Não é fácil, mas é possível desmontar o discurso populista. E a Venezuela está aí para fazer a coisa entrar pelos olhos.
Marcelo Guterman. Engenheiro de Produção pela Escola Politécnica da USP e mestre em Economia e Finanças pelo Insper.
Fonte: Jornal da Cidade Online
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