Desenvolvimento Social e Políticas Públicas foi o tema que trouxe a Natal, a 8º edição do Encontro de Jornalistas da Fundação Banco do Brasil, sediado pela primeira vez no Estado. Nos últimos dias 7, 8 e 9, cerca de 80 comunicadores de vários estados do país conheceram os projetos desenvolvidos pela fundação no Nordeste. O evento contou com participação do presidente da Fundação Banco do Brasil, José Caetano Minchillo, e do gerente geral da Unidade de Desenvolvimento Sustentável do BB, Rodrigo Nogueira.
Em Natal, eles lançaram o livro Cisterna de Placas: Tecnologia Social como Política Pública para o Semiárido, que conta a história do projeto desde 2001. Até o final de junho, o projeto “Água Para Todos” deve entregar 80 mil cisternas em todo o país. Somente no Rio Grande do Norte, onde o projeto recebeu investimentos de R$ 35 milhões através da FBB, serão instaladas mais de 8 mil unidades, que garantem o abastecimento de água das famílias durante os meses de seca. Ao todo, o Estado recebeu R$ 46 milhões investidos em projetos sociais e geração de renda, nos últimos três anos.
Durante entrevista à reportagem da TRIBUNA DO NORTE, Minchillo anunciou investimentos sociais recordes em 2014, que devem chegar a R$ 320 milhões em todo o país. “O RN é um dos nossos principais beneficiários”, afirmou o presidente da Fundação Banco do Brasil. Confira, a integra da entrevista concedida na última quinta-feira, 8 de maio.
Júnior Santos

Nos últimos três anos, RN recebeu R$ 46 milhões da Fundação Banco do Brasil para investir em projetos sociais e geração de renda
Qual o objetivo do encontro com os comunicadores?
De dois em dois anos, nós fazemos encontros com jornalistas, principalmente do Nordeste, porque grande parte do nosso investimento é no Semiárido, especialmente nessa questão da água. Nós fazemos uma alternância no local, mas o Rio Grande do Norte é um dos estados que tem a maior participação de semiárido. Isso faz do RN um dos nossos principais beneficiários. No encontro discutimos com os jornalistas tudo o que a fundação vem trabalhando e o desafio da comunicação neste contexto social e de política pública. E tivemos a oportunidade de lançar esse livro, que conta a história das cisternas de placas. Ele conta a histórias das cisternas de placas desde 2001, quando essa tecnologia foi premiada, trazendo até hoje a história de como uma tecnologia social se tornou uma política pública.
Quantas cisternas foram criadas no Rio Grande do Norte?
A fundação entrega até 30 de junho 80 mil cisternas de primeira água (usada para consumo humano) em todo o Brasil. E até o dia 31 de dezembro, serão 12 mil cisternas de segunda água (para agricultura). Só o Rio Grande do Norte representa 10% desse total. Então, cisternas de primeira água, de água para beber, serão 8.542 no RN. E 1.200, das 12 mil de segunda água estão aqui. Isso representa um investimento em torno de 35 milhões de reais no Rio Grande do Norte, somente na questão água.
Mas o que falta é água e boa utilização dela? A educação quanto ao consumo também é trabalhada?
Acho que as duas coisas. A cisterna é uma tecnologia social que é uma construção coletiva. São vários atores, vários agentes contribuindo para que isso funcione de maneira eficaz. A Fundação Banco do Brasil é um agente; a coordenação disso é do Governo Federal, através do Ministério de Desenvolvimento Social; existe o CadÚnico (Cadastro Único dos Programas Sociais) que mapeia quem são os beneficiários dessas cisternas; e ai entra um agente que é a ASA, que é a Articulação do Semiárido Brasileiro – entidade que trabalha há muitos anos na região e que tem inúmeros parceiros em todos os nove estados do Nordeste. Nesses estados, os parceiros fazem toda a capacitação, a mobilização. Nesse processo, as famílias também se mobilizam nessa construção social. A cisterna é suficiente para armazenar água na época de chuva para os períodos de seca, dentro da média histórica de chuvas. Ainda não temos notícia de cisternas seca.
A fundação também tem outros projetos no RN?
Nós investimentos na geração de renda, como a cajucultura, ali na região de Apodi, onde foram criadas indústrias de castanha e houve capacitação dos participantes. Temos uma cooperativa que funciona como uma rede que centraliza essas dez mini-indústrias e está contribuindo para melhorar a renda dessas pessoas. Além da cajulcultura, tem investimento em artesanato, piscicultura, em ovinocaprinocultura, apicultura... São vários projetos em diversas cadeias produtivas. Esses projetos visam geração de renda. Nós também temos projetos sociais. Aqui nós temos o AABB comunidade, que atende 45 mil crianças no Brasil, e aqui no RN são 4 mil. Nós temos o programa Água Brasil, em que só aqui investimos R$ 1 milhão. Além disso, são 240 beneficiados no projeto de inclusão digital em estações digitais da fundação. Tem o Paes, que é o projeto de Produção Agroecológica Integrada e Sustentável, no qual investimos mais de R$ 2 milhões. Tudo isso totaliza, nos últimos três anos, mais ou menos R$ 46 milhões em investimento social no RN. E é importante ressaltar que podemos contar com a dedicação da superintendência estadual, que coordena as 90 agências que temos aqui no Estado. São elas que operacionalizam todos esses nossos programas. A gente ainda pode trazer aqui o investimento do banco em negócios sociais – nós separamos aqui os projetos de geração de renda e projetos sociais da fundação dos negócios sociais do banco (FIES, Minha Casa Minha Vida) – os negócios sociais do BB no RN somam R$ 1 bilhão.
O senhor anunciou que haverá um investimento recorde neste ano...
Em 2014 nós temos um investimento social previsto de R$ 320 milhões, que é o maior da história da fundação e o Rio Grande do Norte é um dos nossos principais beneficiários. Esse investimento está direcionado em cinco vetores: o Água, que nós já falamos, que tem o Água Brasil e o Água Para Todos; a agroecologia; a agroindústria para assentamentos rurais; o Cataforte, que investe na questão dos resíduos sólidos e a educação, na qual temos três programas: AABB comunidade, as estações digitais e as estações de meta-reciclagem.
Esses recursos são oriundos de onde?
Os recursos são primordialmente do Banco do Brasil e coligada, além de parceiros importantes que estão contribuindo com a fundação, como o BNDES, Petrobrás, e convênios específicos com órgãos do Governo Federal, direto com o Orçamento Geral da União. Eventualmente também temos doações de pessoas físicas e jurídicas. Produtos do banco, de uma forma geral, são comercializados por coligadas, seja seguro, previdência, título de capitalização... e parte disso acaba vindo para a fundação.
Qual a missão da fundação?
A Fundação é o braço social do Banco do Brasil e nós temos uma atuação voltada à inclusão sócio-produtiva de públicos fragilizados. Nós temos como missão e visão contribuir com o processo sócio-produtivo. Nosso papel é investir em programas que sejam sustentáveis, para que a gente possa dar um impulso, um aporte inicial para que ele fique de pé. Isso pode durar três, quatro, cinco anos, mas tem que ser um projeto sustentável para que, a partir de quando ele for maduro, se torne um projeto auto-sustentável. Com isso, aos poucos, a gente pode reduzir nosso apoio não reembolsável do Banco e a unidade de desenvolvimento social do Banco começa a colocar apoio reembolsável e existem várias formas. Nossas perspectiva é trazer aquela população que está à margem de tudo isso, investir na produção sócio-produtiva, para que ele possa crescer, se auto-sustentar. A fundação acaba se afastando desse projeto, ai entram outras formas de financiamento e nós vamos investir em outros projetos. É um ciclo virtuoso.
Fonte: Tribuna do Norte
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