![]() |
Elviro Rebouças |
Tenho sido procurado, pessoalmente, por telefone e até por e-mails, acerca da situação energética do Brasil, principalmente com relação a situação econômico-financeira da Petrobrás. Quero dizer, antes da análise, que procurei, em toda minha vida ser um otimista, sem fugir entretanto da razoabilidade dos fatos a serem analisados, portanto não me confundam como se pessimista eu fosse.
O Brasil, embora o presidente Lula, em cujo governo, sejamos justos, foram dados vários passos positivos no setor elétrico, tenha anunciado triunfalmente em 2009 a nossa auto suficiência em petróleo, consome hoje, diariamente, com termoelétricas, frota veicular, marítima e aviatória, cerca de 2,4 milhões de barris diários.
A média da produção nacional em 2013, em queda, não chegou a 2 milhões de barris, portanto estamos a necessitar de um acréscimo, todo dia, em cerca da 20% do que produzimos, e estamos importando, em dólares, do Oriente Médio, dos Estados Unidos e até da África.
A dívida da Petrobras aumentou mais de seis vezes desde 2007, segundo as demonstrações financeiras da companhia divulgadas na semana passada.
valor, que estava em R$ 39,7 bilhões em dezembro daquele ano, atingiu R$ 267,8 bilhões no final de 2013. Somente no ano passado, a alta foi de 36%. Se considerarmos apenas a dívida líquida, ou seja, a diferença entre o que a empresa está devendo e o que ela tem em caixa, o aumento foi ainda mais forte, pois alcançou R$ 221,6 bilhões em 2013, oito vezes mais que em 2007 e 50% acima do registrado no final de 2012. Houve dois grandes fatores.
Primeiro, com o pré-sal aumentou a necessidade de investir, por exemplo, em equipamentos, estudos, perfurações. A Petrobras hoje é uma das empresas de petróleo que mais investem em descobertas, o que é bom. Mas isso aumenta a necessidade de caixa, e o dela está quase a zero.
Em segundo lugar, tivemos uma conjuntura nacional e internacional desfavorável. Com a crise de 2008, diversas ‘torneiras’ dos bancos estrangeiros se fecharam. A Petrobras teve que se socorrer com bancos públicos nacionais para cobrir despesas de curto prazo. A Companhia divulgou na véspera um novo recorde de produção, mas ações da companhia estão no menor patamar desde 2005; o mercado ainda precisa recuperar confiança na petrolífera.
Na noite da última quarta-feira, a Petrobras divulgou que bateu um novo recorde de produção no pré-sal. Foram produzidos 412 mil barris de petróleo por dia em 27 de fevereiro. Este novo recorde vem seguido de outros recordes de produção da petrolífera: de acordo com a companhia, “essa marca, obtida com apenas 21 poços produtores, evidencia a elevada produtividade dos campos do pré-sal”,expressa o Diretor de Produção da petroleira.
Além disso, de acordo com comunicado enviado pela companhia, “resultados como esses, decorrentes de ações gerenciais objetivas, levaram a companhia em 2013 a realizar lucro líquido de R$ 23,6 bilhões, 11% superior ao de 2012″.
Com mais esse resultado positivo, a Petrobras segue firme com o seu plano de expansão da produção, com a intenção de dobrá-la até 2020. A notícia é considerada positiva por analistas, uma vez que representa um importante passo para que a Petrobras se consolide como uma das principais empresas globais. Contudo, estes números expressivos de produção não se refletem no desempenho das ações da companhia na bolsa brasileira.
Na véspera, as ações da companhia tiveram um novo dia de queda, com baixa de 2,16%, a R$ 12,71 para as ações ordinárias e de 2,21% para os ativos preferenciais, a R$ 13,29. Com isso, os papéis registraram novo recorde de baixa, atingindo o menor patamar desde 29 de julho de 2005 para os ativos PETR3 e renovando o patamar mínimo desde 27 de dezembro de 2005 para as ações PETR4.
Mas por que esse movimento tão contraditório ocorre com a Petrobras? Conforme destacou o jornal espanhol El País em matéria logo após a divulgação do resultado, o futuro promissor da petrolífera parece estar bastante distante do seu presente turbulento, com a estatal enfrentando uma espécie de “inferno astral”.
“Não há dúvidas de que a Petrobras é ‘brilhante’ e que está construindo com esmero as bases do seu futuro, com inteligência e inovação”, mas muitas dificuldades estão pelo seu caminho, apontou a reportagem.E este movimento preocupante ocorre em meio ao cenário bastante desafiador para a petrolífera, conforme destacou até mesmo a presidente Graça Foster,mulher competente e séria, mas cuja atuação vem sendo radicalmente tolhida pelo núcleo duro do Planalto, já que dosar preço de combustível significa, de cara, alimentar uma inflação inclemente como a nossa..
E os principais problemas residem no forte endividamento que a companhia possui, ressaltado por Foster, com a relação entre a dívida líquida e o patrimônio líquido passando de 34% para 39%, enquanto a relação entre a dívida líquida e o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) passou para 3,52 vezes, padrões estes acima do que a própria estatal vê como razoáveis.
Com isso, a meta da presidente é a redução da alavancagem financeira para os valores abaixo de 35% e 2,5 vezes no prazo máximo de 24 meses, de modo a manter o grau de investimento das agências internacionais. Em novembro, foi marcante a discussão entre Graça Foster e Guido Mantega sobre o reajuste de combustíveis. Em carta da divulgação dos resultados do terceiro trimestre, Graça sinalizou que estava em aprovação uma nova metodologia de reajustes de combustíveis.
As ações da companhia ganharam forças após o anúncio, uma vez que as sinalizações eram de que haveria uma maior previsibilidade nos ajustes de preços. Mas o governo tentou frear as intenções da diretoria da estatal e maiores detalhes sobre a metodologia de reajuste não foram dados, o que voltou a causar incerteza em relação à estatal.
E o reajuste de combustíveis é um dos pontos cruciais para a redução do endividamento da companhia, uma vez que ela precisa fazer a importação de 400 mil barris diários para atender as necessidades do mercado, já que as refinarias têm capacidade de produção inferior à demanda.
O déficit financeiro da balança comercial de petróleo e derivados foi de US$ 14 bilhões em 2013, conforme destacou a ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis). Além disso, a companhia se defronta com uma desconfiança do mercado em relação aos seus planos de negócios. Um dos fatores apontados pelos analistas é frente a estimativa do dólar, de R$ 2,23 no ano, bem abaixo da expectativa do próprio Banco Central, que trabalha com um dólar a R$ 2,40.
E um real mais forte representa um ponto positivo para a Petrobras, dada as suas fortes importações. Lula, exultante em 2009 proclamou que o Brasil havia ganho o “bilhete premiado da loteria” e um “passaporte para o futuro”. Logo depois acrescentou que “Deus havia dado ao Brasil recompensas que haveriam de impulsionar a modernização do país”.
Porém, os resultados demoram a chegar. Agora, meu caro leitor, é o próprio Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS que, juntamente com a associação dos distribuidores de energia de todo o país, fazendo alerta de que as nossas vastas bacias hidrográficas estão no limite mínimo da capacidade de geração de energia, e que se as chuvas não chegarem logo, principalmente no Sul, Sudeste e Centro-Oeste, poderemos, infelizmente, renovando o que aconteceu no governo de Fernando Henrique Cardoso (2001), ter um novo racionamento elétrico, mesmo acionando as nossas termoelétricas.
Mas eu, como pecador e modesto cristão, católico praticante e fervoroso na fé vou dá o meu humilde testemunho, e como diria Joca Bruno, o nosso saudoso filósofo do 4º.Cartório Judiciário de Mossoró, ali na Rua Cel. Vicente Sabóya, “Deus é brasileiro”. Ví ele nascer aqui mesmo no sofrido Rio Grande do Norte, assumo com firma reconhecida e certidão chancelada pela justiça.
Portanto, com ele juntos venceremos.
(*) Elviro Rebouças é empresário e economista
Fonte: Blog de César Santos
Nenhum comentário:
Postar um comentário