martins em pauta

domingo, 29 de dezembro de 2013



domingo - 29/12/2013 - 10:39h

Impressões digitais


Por François Silvestre
Não é sobre processo penal ou inquérito criminal de que trata este texto. Nem sobre a falsa moral de moralistas que apontam o dedo sujo na direção dos outros.
É um texto sobre literatura. E também não trata de romance policial ou manchete de jornal sobre crimes no Estado. O assunto é o livro de Thiago Gonzaga, cujo título é este: “Impressões Digitais”.
O autor é um jovem pesquisador que começa de forma bastante honesta sua perquirição a tratar de escritos ou escritores cá da terra de Cascudo e Navarro.
Não caiu na cilada dos pseudoeruditos, que se envergonham de gostar das coisas simples, posando de “intelectuais” no aparente brilhantismo das modas ou das influências distantes. Mesmo que não entendam ou nem leiam as peças “eleitas” e canonizadas. Ou aquelas que parecem boas por serem incompreensíveis.
E ainda os que esnobam a produção literária parida na mesopotâmia entre o São Francisco e o Parnaíba. Regionalismo é o apelido depreciador. Ainda respeitam as outras artes, música ou artesanato. Postos no campo do exótico. Literatura, nem pensar. Só se for imitação das lonjuras, no intricado de textos escondidamente bestas. E facilmente desmascaráveis.
Mas eu quero falar do livro de Thiago Gonzaga. Ele fez uma seleção de várias entrevistas. Que começa com Pery Lamartine e segue de folhas adentro, colhendo informações e opiniões sobre a arte e a desarte de escrever e descrever a nossa fisionomia.
Pensei que passaria apressado sobre cada uma delas. Engano. Li todas. Fui aguçando a curiosidade a cada texto. Alguns muito longos, quase chatos. Mas necessários. Outros espertamente curtos, que agradam pelo não cansaço.
De tudo, uma constatação. Não há humildes nesse universo. Escritores, críticos, editores, resenhistas; ninguém é humilde. Há tímidos, contidos, reticentes, largados. Humildes, não. Quer desnudar um humilde? Fale mal do seu escrito. Nisso, eu mesmo sirvo de exemplo.
O que marca um bom escritor? A venda de livros? Então Paulo Coelho é o maior de todos. Tentei ler um livro dele, só fui até a “quínzima” página. E nem sou um leitor tão exigente.
Aqui ninguém vive do que escreve. Nem Cascudo viveu. Muito famoso e pouco lido.
Quem quer ser escritor, no Brasil, tem primeiro que arranjar uma renda para fazer a feira.  Literatura é atividade rentável para livreiros e editores. Só. Veja o que se vende nas livrarias dos aeroportos. Livros de sono para quem tem medo de voar. Depois jogar na primeira lixeira, após o pouso.
Thiago Gonzaga é um benfeitor das letras. Faltam muitos, Thiago, além desses que você entrevistou. Siga em frente.
Escritor, aqui, não define uma profissão. É uma moção nobiliárquica. Sem renda. Como era o “Comendador” de Câmara Cascudo, o “Conde” do Castelo da Afonso Pena e a “Embaixatriz do Brasil” de dona Severina.
Té mais.
François Silvestre é escritor
* Texto originalmente publicado no Novo Jornal (Natal).

Categoria(s): Crônica
domingo - 29/12/2013 - 10:23h

O advento da cassação no “País de Mossoró”


Por Gutemberg Dias
Desde dezembro de 2012 que Mossoró pode ser considerada a cidade das incertezas políticas. A eleição de Claudia Regina ao Palácio Rodolfo Fernandes se configurou numas das epopeias políticas mais complicadas dos últimos tempos em solo potiguar e, gera, a cada dia, novos episódios que fazem qualquer um pensar se a política ainda é o caminho que pode mudar as relações de mundo.
As sucessivas cassações da prefeita mossoroense refletem o resultado da política de baixo escalão que é praticada em nossa “Terra Brasilis”, onde o povo é tratado como massa de manobra e submetido ao poder econômico dos chefes políticos da hora. O tão conhecido “curral eleitoral” não deixou de existir e, com algumas derivações, toma conta do processo político na atualidade.
O que esperar dos tantos recursos apresentados pela defesa da agora prefeita cassada Claudia Regina? Será que esse momento não seria de reflexão e autocritica? Particularmente não acredito em reversão do processo. Sei que do ponto de vista jurídico ainda existe sobrevida, mas do ponto de vista político acredito que o processo já foi consumado e o desgaste é um dos pontos cruciais ao seu retorno.
Ainda, é importante frisar que todo esse desgaste político e, sobretudo, administrativo deveria estar sendo tratado pela imprensa de forma clara e didática. Mas, o que se vê é um processo de esconde-esconde de fatos, onde quem deveria informar é quem menos informa os acontecimentos reais. Tratar de forma didática nada mais é do que mostrar os fatos e ajudar a população a entender que processos como esses na política devem ser rechaçados para que não se repitam num futuro próximo.
Os mossoroenses, em todos os cantos, ficam se perguntando qual o destino do município? Não se vê as massas articuladas defendendo a prefeita cassada quanto a sua permanência no Palácio Rodolfo Fernandes, muito menos, infladas contra esse jogo de empurra que o TRE – Tribunal Regional Eleitoral promoveu para julgar os recursos impetrados contra as decisões monocráticas. Isso, mostra claramente, que esse processo está a anos-luz de cada cidadão comum de nossa futura metrópole.
Essa apatia política é fruto e obra de todos que fazem a política virar circo. Também, é fruto de todos que tem a convicção que algo precisa mudar, mas continua insistindo em ficar de braços cruzados esperando a banda passar. Ainda, é fruto desse sistema político esgotado que não sofre mudanças significativas capazes de devolver ao povo a vontade de se fazer política. É nesse caminhar que a cada dia a grande maioria, em todos os campos, não contribui com a arte de fazer política.
É notório que esse processo eleitoral em Mossoró é uma peça que deveria servir de aprendizado para o povo, mas que ao final teremos apenas, pela primeira vez, uma prefeita cassada em Mossoró e um processo de eleição suplementar. Infelizmente é esse o resultado de todo esse estágio democrático para o povo dessa terra onde a padroeira, Santa Luzia, é a protetora daqueles que não enxergam.
Por fim, olhando para a pessoa pública de Claudia Regina imagino que ela poderia tomar uma decisão forte em sua vida ao romper com as amarras que lhe proporcionaram a ascensão e queda, dessa forma, dando um passo ao recomeço político.
É mister perguntar se a prefeita cassada tem coragem de abrir um novo flanco, de forma independente na política mossoroense, e apoiar alguém que não faça parte do ciclo vicioso da política local para substitui-la no Palácio Rodolfo Fernandes? Para mim é uma questão de coragem e de sobrevivência na vida pública. Ainda, digo, que não pode ser qualquer um, precisa ser alguém tenha vida própria e, sobretudo, seja capaz de administrar com o povo.
Essas são minhas impressões sobre esse tumultuado processo eleitoral. Mesmo, assim, acredito que o povo de Mossoró poderá sair maior e melhor após todo esse imbróglio político. O tempo é escasso, mas existe. Porém, isso depende de você, do seu vizinho, do meu amigo, de mim e da imprensa livre e democrática dessa terra.
Gutemberg Dias é presidente do PCdoB em Mossoró
Categoria(s): Artigo

Pensando bem…


“Instrua a um sábio e ele te amará, mas repreenda a um tolo que te aborrecerá”.
Salomão

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Contato : (84) 9 9151-0643

Contato : (84) 9 9151-0643