Por François Silvestre
Não é sobre processo penal ou inquérito
criminal de que trata este texto. Nem sobre a falsa moral de moralistas
que apontam o dedo sujo na direção dos outros.
É um texto sobre literatura. E também
não trata de romance policial ou manchete de jornal sobre crimes no
Estado. O assunto é o livro de Thiago Gonzaga, cujo título é este:
“Impressões Digitais”.
O autor é um jovem pesquisador que
começa de forma bastante honesta sua perquirição a tratar de escritos ou
escritores cá da terra de Cascudo e Navarro.
Não caiu na cilada dos pseudoeruditos,
que se envergonham de gostar das coisas simples, posando de
“intelectuais” no aparente brilhantismo das modas ou das influências
distantes. Mesmo que não entendam ou nem leiam as peças “eleitas” e
canonizadas. Ou aquelas que parecem boas por serem incompreensíveis.

E ainda os que esnobam a produção
literária parida na mesopotâmia entre o São Francisco e o Parnaíba.
Regionalismo é o apelido depreciador. Ainda respeitam as outras artes,
música ou artesanato. Postos no campo do exótico. Literatura, nem
pensar. Só se for imitação das lonjuras, no intricado de textos
escondidamente bestas. E facilmente desmascaráveis.
Mas eu quero falar do livro de Thiago
Gonzaga. Ele fez uma seleção de várias entrevistas. Que começa com Pery
Lamartine e segue de folhas adentro, colhendo informações e opiniões
sobre a arte e a desarte de escrever e descrever a nossa fisionomia.
Pensei que passaria apressado sobre cada
uma delas. Engano. Li todas. Fui aguçando a curiosidade a cada texto.
Alguns muito longos, quase chatos. Mas necessários. Outros espertamente
curtos, que agradam pelo não cansaço.
De tudo, uma constatação. Não há
humildes nesse universo. Escritores, críticos, editores, resenhistas;
ninguém é humilde. Há tímidos, contidos, reticentes, largados. Humildes,
não. Quer desnudar um humilde? Fale mal do seu escrito. Nisso, eu mesmo
sirvo de exemplo.
O que marca um bom escritor? A venda de
livros? Então Paulo Coelho é o maior de todos. Tentei ler um livro dele,
só fui até a “quínzima” página. E nem sou um leitor tão exigente.
Aqui ninguém vive do que escreve. Nem Cascudo viveu. Muito famoso e pouco lido.
Quem quer ser escritor, no Brasil, tem
primeiro que arranjar uma renda para fazer a feira. Literatura é
atividade rentável para livreiros e editores. Só. Veja o que se vende
nas livrarias dos aeroportos. Livros de sono para quem tem medo de voar.
Depois jogar na primeira lixeira, após o pouso.
Thiago Gonzaga é um benfeitor das letras. Faltam muitos, Thiago, além desses que você entrevistou. Siga em frente.
Escritor, aqui, não define uma
profissão. É uma moção nobiliárquica. Sem renda. Como era o “Comendador”
de Câmara Cascudo, o “Conde” do Castelo da Afonso Pena e a “Embaixatriz
do Brasil” de dona Severina.
Té mais.
François Silvestre é escritor
* Texto originalmente publicado no Novo Jornal (Natal).
domingo - 29/12/2013 - 10:23h
Por Gutemberg Dias
Desde dezembro de 2012 que Mossoró pode
ser considerada a cidade das incertezas políticas. A eleição de Claudia
Regina ao Palácio Rodolfo Fernandes se configurou numas das epopeias
políticas mais complicadas dos últimos tempos em solo potiguar e, gera, a
cada dia, novos episódios que fazem qualquer um pensar se a política
ainda é o caminho que pode mudar as relações de mundo.
As sucessivas cassações da prefeita mossoroense refletem o resultado da política de baixo escalão que é praticada em nossa “Terra Brasilis”,
onde o povo é tratado como massa de manobra e submetido ao poder
econômico dos chefes políticos da hora. O tão conhecido “curral
eleitoral” não deixou de existir e, com algumas derivações, toma conta
do processo político na atualidade.
O que esperar dos tantos recursos
apresentados pela defesa da agora prefeita cassada Claudia Regina? Será
que esse momento não seria de reflexão e autocritica? Particularmente
não acredito em reversão do processo. Sei que do ponto de vista jurídico
ainda existe sobrevida, mas do ponto de vista político acredito que o
processo já foi consumado e o desgaste é um dos pontos cruciais ao seu
retorno.
Ainda, é importante frisar que todo esse
desgaste político e, sobretudo, administrativo deveria estar sendo
tratado pela imprensa de forma clara e didática. Mas, o que se vê é um
processo de esconde-esconde de fatos, onde quem deveria informar é quem
menos informa os acontecimentos reais. Tratar de forma didática nada
mais é do que mostrar os fatos e ajudar a população a entender que
processos como esses na política devem ser rechaçados para que não se
repitam num futuro próximo.

Os mossoroenses, em todos os cantos,
ficam se perguntando qual o destino do município? Não se vê as massas
articuladas defendendo a prefeita cassada quanto a sua permanência no
Palácio Rodolfo Fernandes, muito menos, infladas contra esse jogo de
empurra que o TRE – Tribunal Regional Eleitoral promoveu para julgar os
recursos impetrados contra as decisões monocráticas. Isso, mostra
claramente, que esse processo está a anos-luz de cada cidadão comum de
nossa futura metrópole.
Essa apatia política é fruto e obra de
todos que fazem a política virar circo. Também, é fruto de todos que tem
a convicção que algo precisa mudar, mas continua insistindo em ficar de
braços cruzados esperando a banda passar. Ainda, é fruto desse sistema
político esgotado que não sofre mudanças significativas capazes de
devolver ao povo a vontade de se fazer política. É nesse caminhar que a
cada dia a grande maioria, em todos os campos, não contribui com a arte
de fazer política.
É notório que esse processo eleitoral em
Mossoró é uma peça que deveria servir de aprendizado para o povo, mas
que ao final teremos apenas, pela primeira vez, uma prefeita cassada em
Mossoró e um processo de eleição suplementar. Infelizmente é esse o
resultado de todo esse estágio democrático para o povo dessa terra onde a
padroeira, Santa Luzia, é a protetora daqueles que não enxergam.
Por fim, olhando para a pessoa pública
de Claudia Regina imagino que ela poderia tomar uma decisão forte em sua
vida ao romper com as amarras que lhe proporcionaram a ascensão e
queda, dessa forma, dando um passo ao recomeço político.
É mister perguntar se a prefeita cassada
tem coragem de abrir um novo flanco, de forma independente na política
mossoroense, e apoiar alguém que não faça parte do ciclo vicioso da
política local para substitui-la no Palácio Rodolfo Fernandes? Para mim é
uma questão de coragem e de sobrevivência na vida pública. Ainda, digo,
que não pode ser qualquer um, precisa ser alguém tenha vida própria e,
sobretudo, seja capaz de administrar com o povo.
Essas são minhas impressões sobre esse
tumultuado processo eleitoral. Mesmo, assim, acredito que o povo de
Mossoró poderá sair maior e melhor após todo esse imbróglio político. O
tempo é escasso, mas existe. Porém, isso depende de você, do seu
vizinho, do meu amigo, de mim e da imprensa livre e democrática dessa
terra.
Gutemberg Dias é presidente do PCdoB em Mossoró
“Instrua a um sábio e ele te amará, mas repreenda a um tolo que te aborrecerá”.
Salomão
Salomão
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