sexta-feira, 10 de outubro de 2025

Parlamentares pedem que Lula não conceda asilo a presidente destituída, como fez com a ex-primeira dama do Peru

Sexta, 10 de outubro de 2025





A congressista Patricia Chirinos, do partido Renovação Popular, enviou correspondência ao embaixador brasileiro expressando "profunda preocupação" com informações de que o advogado da presidente estaria "realizando gestões para obter asilo ou refúgio político em uma embaixada estrangeira [para ela], mencionando particularmente as do Equador e do Brasil".

Chirinos foi enfática em seu pedido:

"Peço enfaticamente que não aceite nenhum pedido de asilo político da senhora Dina Boluarte, que deve prestar contas para a Justiça peruana por acusações que pesam contra ela, porque fazê-lo vulneraria o princípio de não intervenção".

A parlamentar defendeu que a crise institucional no Peru precisa ser resolvida "sem a intervenção de governos estrangeiros, nem o amparo diplomático de pessoas investigadas por graves denúncias".

O congressista Elías Varas adotou medida similar. Ele enviou ofícios a mais de 30 representações diplomáticas pedindo que não acolham a presidente em caso de "uma possível tentativa de fuga ou pedido de asilo".

No documento, Varas faz um apelo direto:

"Solicito expressamente à sua digna embaixada se abster de outorgar asilo ou refúgio diplomático à mencionada cidadã Dina Ercilia Boluarte Zegarra, em caso de que a solicitação se apresente". O parlamentar alertou que conceder refúgio à presidente "poderia ser interpretada como uma interferência nos processos constitucionais internos do Estado peruano e uma vulneração indireta ao princípio de não ingerência nos assuntos domésticos de outro Estado".

Varas solicitou ainda que as embaixadas mantenham "máxima atenção" e informem imediatamente qualquer tentativa de solicitação por parte de Boluarte, "afim de evitar uma fuga ou a obstaculização da justiça nacional, dado que a imunidade presidencial cessa automaticamente com o impeachment".

Chirinos e Varas assinaram pedidos de impeachment contra a presidente. Uma fonte do Itamaraty informou que a embaixada brasileira em Lima não recebeu solicitação de asilo até o momento. O advogado de Boluarte, Juan Carlos Portugal, descartou a possibilidade de fuga ou pedido de asilo pela presidente caso o impeachment avance.

Os quatro pedidos de destituição protocolados contra Boluarte alegam "permanente incapacidade moral" para exercer o cargo. As solicitações surgiram em meio a protestos contra violência e corrupção no país, intensificados após um ataque a tiros contra uma banda de cumbia durante apresentação em Lima na quarta-feira (8).

As acusações que fundamentam os pedidos incluem o uso de relógios de luxo "de procedência desconhecida" pela presidente em eventos oficiais e questões relacionadas à criminalidade. A sessão para debater o processo foi agendada para quinta-feira (9).

A popularidade de Boluarte está em níveis críticos. Pesquisa do instituto Ipsos registrou apenas 3% de aprovação à sua gestão em setembro, após atingir o mínimo de 2% em maio. O Peru enfrenta instabilidade política há uma década, período em que o país teve seis presidentes desde 2018.

Fonte: Jornal da Cidade Online

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