sexta-feira, 27 de junho de 2025

No meio da democracia tem o povo, tem o povo no meio da democracia. Ou não? (veja o vídeo)

Sexta, 27 de junho de 2025




Veja o caso do Lula, o tri-condenado com régua e compasso, mas “descondenado” por uma questão de CEP e de algumas canetadas mágicas. É um bom exemplo da visão obtusa do povo.

Noves fora todo o besteirol/espertalhão do juridiquês que o reconduziu à presidência da república, com a teia de aranha armada por um conjunto de militantes de todas as áreas, o pulo do gato foi transformar a tal descondenação na ideia do seu próprio contraste. Ou seja, para a “turma do tragam ele de volta”, por uma análise estrábica concluiu que ele fora considerado inocente. Em suma, de uma meia-verdade nasceu uma mentira inteira.

Como numa série, o passo seguinte gerou um novo genocídio semântico. E nas urnas eletrônicas que foram colocadas as cascas de banana; a sua fiscalização. Alvo do PSDB em 2014, quando Aécio Neves perdeu a eleição presidencial para a petista Dilma Rousseff, o partido contratou peritos do ITA, USP e Instituto Brasileiro de Peritos para fiscalizar o sistema eletrônico, e a conclusão é que não seria possível concluir porque depende de acesso integral aos softwares, mas esse acesso é restrito. Uma perda de tempo.

Veio o ano eleitoral de 2022, e daquela vez, a peritos das Forças Armadas Brasileiras e seu departamento de tecnologia, foi feito o convite pelo TSE para a mesma fiscalização e auditoria das urnas eletrônicas. O resultado foi o mesmo da realizada em 2014. Não há como auditar por falta de acesso integral aos softwares e seus códigos-fonte que comandam todo o processo.

É bom esclarecer que a fiscalização em 2014 aconteceu após as eleições, e em 2022, entre 2 e 19 de agosto, portanto, antes das eleições.

Tudo isso é público, porém, criou-se aqui, também, o tal genocídio semântico. Para todos os efeitos a auditoria não encontrou fraudes, é fato! Mas o outro fato, o da não possibilidade de auditagem completa e livre, sabe-se lá para que mundo foi. Simplesmente foi desprezado!

Esse desprezo é registrado e “passado em cartório”. Os auditados, os que comandam as eleições, são os mesmos que não permitem a auditagem literal, portanto, ela não existe. No fundo, a auditagem não mira o equipamento, a ferramenta, mas, sim, quem a comanda, seja fulano ou beltrano. E se este protagonista, no caso, aquele que comanda o serviço eleitoral, ele impede a auditagem.

Vir a público dizer que não foram encontradas fraudes é tão pálido e risível quanto dizer que o Lula é inocente.  

O relatório das FFAA, publicado pelo UOL em 9 de novembro de 2022, portanto, após as eleições, esclarece tudo. À página 3, tudo fica esclarecido neste trecho do relatório:

Fica mais patente, e aí causa outra polêmica, quando se lê na página 4 do relatório que há uma espécie de contradição, que beira à conivência do relatório, e firmada, finalmente, na página 24, pelo Ministério da Defesa e pelos representantes do Exército, Aeronáutica e Marinha.

Ora, se no final do parágrafo II (Acesso ao Código-Fonte) encontramos três sugestões para “aprimoramento” da fiscalização, por que raios o relatório de FISCALIZAÇÃO não foi aprovado com ressalvas? Seria mais transparente, seria mais justo! Não existe fiscalização rica, incólume e de credibilidade, se no meio do caminho tem uma pedra, tinha uma pedra no meio do caminho, como diria Carlos Drummond de Andrade.

Sem a existência das sugestões apontadas no relatório, ainda que se possa dizer que os demais parágrafos do relatório não ficam comprometidos, uma vez que abordam outros fatores da fiscalização, isso contamina todo o processo, tanto da fiscalização, quanto do próprio atestado do uso dos equipamentos.

Acesse o relatório na íntegra pelo link -

https://download.uol.com.br/files/2022/11/2224417647_relatorio_defesa.pdf

Na minha opinião, a maior autoridade brasileira do processo eleitoral no Brasil, o dr. Felipe Gimenez, vem demonstrando, há anos, uma série de incompatibilidades jurídicas, técnicas e conceituais, que colidem frontalmente também na fiscalização.

E é sobre esse ponto, que Gimenez faz o alerta; por ser um produto do software, e de domínio exclusivo dos ministros do serviço eleitoral, portanto, são eles que decidem o resultado, a decisão da eleição não é do povo.

Assista:

Por outro lado, se é do povo o direito inalienável do ato de decidir livremente, o sufrágio é o instrumento da soberania popular, e que seus representantes legítimos estão no Congresso Nacional, é entre estes dois atores da república e da democracia que tudo tem que ser resolvido. Se aqueles do Congresso, em seus gabinetes, corredores e plenário, não resolvem a questão, a rua é o palco do povo. Essa cobrança aos parlamentares é tão legítima quanto o salário que pagamos a eles.

Foto de Alexandre Siqueira

Alexandre Siqueira

Jornalista independente - Colunista Jornal da Cidade Online - Autor dos livros Perdeu, Mané! e Jornalismo: a um passo do abismo..., da série Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa! Visite:
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Fonte: Jornal da Cidade Online

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