domingo, 18 de maio de 2025

Mar avança e já engoliu 500 imóveis em praia no RJ (veja o vídeo)

Domingo, 18 de maio de 2025

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Minha casa era aqui", conta Sônia, testemunha ocular da erosão que já levou ruas, avenidas e centenas de construções.

A destruição não começou ontem. Há mais de 70 anos, o litoral perde terreno para o mar, a uma média de cinco metros por ano — mas o problema se agravou com as ações humanas no curso do rio Paraíba do Sul, atravessado por impressionantes 943 barragens ao longo de sua bacia.

Essas estruturas, construídas muitas vezes com pompa estatal e pouca visão de longo prazo, alteraram o equilíbrio natural do rio e reduziram drasticamente a quantidade de sedimentos que deveriam chegar à costa para conter o avanço do oceano. A pesquisadora Thaís Baptista, da Universidade Federal Fluminense, aponta que a erosão costeira já ocorria naturalmente, mas que "as barragens podem estar intensificando esse processo".

No embalo da narrativa dominante, alguns atribuem o fenômeno ao aquecimento global. Um relatório da ONU colocou Atafona entre as 31 áreas costeiras mais ameaçadas do mundo. Mas enquanto se busca explicações no clima e no nível dos oceanos, pouco se fala da ausência de planejamento urbano, da ocupação desordenada e da falência do Estado em oferecer alternativas sustentáveis às famílias da região.

Para o geógrafo marinho Eduardo Bulhões, fatores globais como ventos e ondas mais fortes podem estar agravando a situação. Mas a verdade é que, em vez de oferecer soluções concretas, muitos especialistas e órgãos internacionais preferem apontar o dedo e propor medidas drásticas, como a remoção em massa dos moradores – como se isso não significasse apagar comunidades inteiras da história.

A população local, por sua vez, resiste. Mostra uma força que nem governos nem relatórios internacionais compreendem.

“A gente sabe que está pagando o preço, mas não vamos cruzar os braços”, afirma Sônia.
  • Fonte: Jornal da Cidade Online

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