terça-feira, 31 de março de 2020

Médica chinesa foi repreendida por alertar sobre coronavírus em 2019

Terça, 31 de Março de 2020

Médica foi repreendida por “espalhar boatos” após pedir para sua equipe adotar medidas de proteção contra o vírus.


O hospital Wuhan Central, localizado na província de Hubei, na China, recebeu seu primeiro caso do novo coronavírus no dia 16 de dezembro.

Tratava-se de um homem, de 65 anos, com febre, mas sem apresentar outros sintomas da Covid-19. 

Em uma entrevista no dia 18 de fevereiro, Ai Fen, responsável pela emergência do hospital, disse que os exames no paciente revelaram infecção em ambos os pulmões, mas antibióticos e medicamentos antigripais não surtiam efeito.

Passariam mais 11 dias desde o 16 de dezembro até os médicos começarem a fazer a conexão entre outros casos registrados na região.

Em 27 de dezembro, a doutora Fen recebeu um segundo paciente com sintomas semelhantes e solicitou um teste de laboratório. 

No dia seguinte, ela já havia detectado sete casos de uma pneumonia misteriosa, quatro deles relacionados ao mercado de frutos do mar de Huanan, incluindo a mãe de um vendedor.

Após identificar que a situação poderia estar sendo causada por uma doença viral, a médica informou ao corpo de diretores do hospital em 29 de dezembro e notificou o escritório distrital do Ministério da Saúde da China, que confirmou ter ouvido relatos semelhantes de outros lugares em Wuhan.

Em 30 de dezembro, a doutora Ai Fen obteve os resultados dos exames mais detalhados que encomendou: tratava-se de “SARS coronavírus”, o mesmo tipo que matou 774 pessoas em todo o mundo depois de surgir na China em 2002.

No início da manhã de 1º de janeiro, outro paciente chegou ao departamento de Ai Fen. O dono de uma clínica particular localizada perto do mercado ficou gravemente doente depois de tratar vários pacientes com a Covid-19.

Temendo que seus colegas pudessem ser infectados da mesma maneira, a médica mais uma vez alertou as autoridades do hospital e ordenou que os membros do seu departamento usassem máscaras.

Na noite do primeiro dia de 2020, o departamento de disciplina do hospital convocou a médica para uma conversa. 

Ai Fen foi criticada por “espalhar boatos”. Ela ainda tentou argumentar que a doença poderia ser contagiosa, mas as autoridades disseram que sua ação causou pânico e “danificou a estabilidade” de Wuhan.

A liderança do hospital também proibiu a equipe médica de discutir a doença em público ou através de textos ou imagens, informa o Wall Street Journal.

Oito dias depois, uma enfermeira em seu departamento começou a apresentar sintomas da doença e mais tarde foi confirmado que ela estava infectada pelo coronavírus. 

Agora, após a expansão do coronavírus por mais de 100 países, três médicos do hospital já morreram devido à infecção.


(Renovamidia)

Nenhum comentário:

Postar um comentário