Terça, 17 de Setembro de 2019
por Nicola Pamplona | Folhapress

Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil
A disparada do preço do petróleo após ataques em instalações petrolíferas na Arábia Saudita será um teste para a autonomia da Petrobras para definir os preços dos combustíveis em momentos de crise, avaliam analistas que acompanham os negócios da estatal.
O preço do petróleo chegou a subir 20% no domingo (15) e opera nesta segunda com alta de 8%. No mercado, porém, não há ainda clareza sobre a duração desse ciclo de alta, que vai depender da capacidade de recuperação da produção saudita ou de substituição do petróleo daquele país por outras fontes.
Para Luiz Carvalho e Gabriel Barra, analistas do banco UBS, a situação é "desafiadora" para a Petrobras. Além do petróleo, dizem, a taxa de câmbio deve sentir os efeitos da crise, pressionando ainda mais a chamada paridade de importação -conceito usado pela política de preços da estatal, que simula o custo de importação dos combustíveis.
Eles lembram que no passado, a empresa segurou seus preços em diversos momentos de crises semelhantes, gerando prejuízos em suas operações de refino. "A gestão atual tem conseguido implementar uma estratégia bem sucedida até agora e esse evento será um importante teste sobre a solidez dessa política."
Em abril, durante um ciclo de alta das cotações internacionais, o presidente Jair Bolsonaro determinou que a direção da Petrobras suspendesse reajuste no preço do diesel, alegando risco de nova greve de caminhoneiros. A decisão levou a estatal a perder R$ 32 bilhões em valor de mercado em apenas um dia.
"É provável que essa disparada do petróleo não resulte em aumento dos preços de combustível, até porque o governo já demonstrou dificuldade em fazer isso em outros momentos -na última vez que tentou, tivemos a greve dos caminhoneiros", escreveram Matheus Salomão e Thiago Soares, da Rico Investimentos.
A estatal subiu o preço do diesel na sexta (13), alta de R$ 0,0542 por litro -foi o segundo reajuste no mês de setembro. Já o preço da gasolina foi reajustado pela última vez no dia 5 de setembro. A expectativa do mercado é que a empresa espere um pouco antes de definir por novo aumento.
A avaliação é que a estratégia da companhia nesse período tem efeitos sobre seus planos de vendas de oito de suas 13 refinarias, já que a liberdade de preços impacta diretamente no interesse de investidores e no valor do ativos.
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