segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

A quadrilha multipartidária que não representa o povo

Segunda, 12 de dezembro de 2016

Por Carlos Duarte

Quando achamos que teríamos chegado ao fundo do poço e que não haveria mais podridão a emergir, eis que surgem episódios inéditos de fazerem invejas às facções do narcotráfico brasileiro e à elite da máfia italiana em seus tempos áureos.


O conteúdo da delação premiada do ex-executivo da Odebrecht, Claudio Melo Filho (veja AQUI), revela outra faceta do modus operandi da quadrilha de bandidos que governa o País. A contabilidade da empresa lançava os valores pagos aos saqueadores do dinheiro público, mediante planilhas nominadas por apelidos, a exemplo do que acontece nos porões do crime organizado.

Eis alguns codinomes dos membros da quadrilha: Primo, Angorá, Babel, Caranguejo, Boca-Mole, Ferrari, Justiça, Caju, Polo, Las Vegas, Cerrado, Piqui, Candomblé, Todo Feio, Missa, Moleza, Feia, Bitelo….

O senador José Agripino (DEM-RN), conhecido no submundo do crime como Pino e/ou Gripado, constava na planilha como favorecido da quantia de R$ 1 milhão.

O mais incrível é que se trata de uma quadrilha multipartidária.

Dos R$ 88 milhões distribuídos aos marginais, travestidos de ministros, governantes, parlamentares, entre outros cargos públicos importantes, R$ 51 milhões foram para o PMDB do presidente Michel Temer; R$ 23 milhões para o PT de Lula/Dilma; R$ 2,8 milhões para o DEM de José Agripino, vulgo Gripado; R$ 2,7 milhões para o PSDB de Aécio Neves e Alckmin; e R$ 6,8 milhões para outros partidos (PC do B, PP, PR, PSB, PSD, PTB e SD).


Desse montante, R$ 28,5 milhões foram destinados, exclusivamente, para troca de apoio no Congresso. Ou seja, elaboração de leis (PECs, MPs, PLs, etc.) que tinham como objetivo principal favorecer a empreiteira Odebrecht em algum tipo de licitação e/ou contratações (superfaturadas, é claro).

O que ainda não aparece nesta delação premiada de Melo Filho é a conexão desse tentáculo da quadrilha com os outros órgãos e instituições que deveriam fiscalizar a aplicação do dinheiro público (Ministérios Públicos e Tribunais de Contas, por exemplo), bem como a Justiça. Ficam, na maioria das vezes, silentes e fingem que nada enxergam. Ou será que tantas evidências não foram mesmo suficientes para prevenirem tantos saques à sociedade brasileira?

Outro fato lastimável, no decorrer da última semana, foi a desmoralização do STF pelo réu, corrupto contumaz, envolvido em quase todas as delações da operação Lava-Jato, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB). Depois de não cumprir o afastamento do cargo, recomendado por um ministro do SFT, ainda conseguiu reverter a situação, deixando a mais alta Corte da Justiça brasileira desmoralizada. Para isso, houve um envolvimento corporativo das instituições nacionais que compõem os Três Poderes.

A junção desses e outros fatos nos leva à certeza de que os “manos” estão mesmo no comando do poder constituído do País. O caos na economia, saúde, segurança, educação e em todos os segmentos da sociedade brasileira é o reflexo das ações criminosas dessas quadrilhas poderosas que comandam os destinos do País. São covardes e matam os cidadãos inocentes, de modo dissimulado: roubando-lhes a assistência à saúde, medicamentos, merenda escolar, o emprego e, principalmente, tirando-lhes a esperança de dias melhores.

SECOS E MOLHADOS

O Procurador – Quem é Kenedy Salvador de Oliveira, o procurador da Câmara Municipal de Mossoró que chamou publicamente os vereadores de corja, urubus do dinheiro público…? Sua vida pregressa (nada recomendável) já foi levantada e o Ministério Público provocado. A Justiça também receberá representações de assessores e chefes de gabinetes, moralmente atingidos pelo arrogante procurador, para que ele prove as acusações feitas. As consequências podem ser desastrosas para a gestão do presidente Jório Nogueira (PSD) e ainda poderão respingar em muitos vereadores da atual legislatura e até em gestões anteriores. Embora, devam-se considerar as letargias e limitações do MPE e da Justiça isso não vai passar despercebido. Anote.

Kennedy: problemas que virão (Foto: arquivo)

O pai? – O presidente MichelTemer (conhecido por MT no esquema da Odebrecht) é citado 43 vezes nos relatos da delação de Cláudio Melo Filho. O delator diz claramente que tudo é comandado indiretamente por Temer – que tem como principais operadores do esquema os ministros Eliseu Padilha, vulgo Primo e Moreira Franco, o Angorá; e os ex-ministros Romero Jucá, o Caju, e Gedel Vieira Lima, o Babel.

Reprovação – Uma pesquisa da Datafolha aponta que 63% da população quer a renuncia do presidente Michel Temer ainda neste ano. Esse é o mesmo percentual de pessoas que queriam o impeachment da, então, presidente Dilma Rousseff em julho passado. De acordo com o levantamento 51% dos brasileiros consideram a gestão do peemedebista ruim ou péssima. Pasmem, para 40% dos entrevistados, a gestão Temer já é pior que a gestão de Dilma.

Renegociação – A crise econômica atinge a todos os setores da economia de forma progressiva e corrosiva. Atualmente, cerca de 7,5 mil empresas potiguares, optantes pelo Simples Nacional, devem R$ 225,4 milhões ao Estado. Correm riscos de saírem do regime fiscal, o que poderá agravar, ainda mais, a situação. Em todo o País o débito chega a R$ 21 bilhões. Para solucionar o problema o Sebrae lançou o Mutirão da Renegociação.

Zero – Em entrevista ao Estadão, o comandante do Exército, general Eduardo Villas Boas, diz que há “chance zero” de setores das Forças Armadas se encantarem com a volta dos militares ao Poder. Admite, porém, que há “tresloucados” ou “malucos” civis, que, vira e mexe, batem à sua porta cobrando intervenção no caos político. Ou seja, as Forças Armadas estão sob pleno controle da autoridade suprema, o presidente Michel Temer.

Samu – Remanejado ou faltoso ao plantão, não interessa o motivo. A realidade é que a população sofre com a precariedade de um serviço de urgência, de vital importância como o Samu – mostrado hoje por esta página (veja AQUI). Ações corporativas para ocultarem a verdade dos fatos não deletarão as provas documentais existentes. Ameaças indiretas ao jornalista e editor deste Blog, Carlos Santos, não resolverão os problemas, que são antigos, mas servirão para suas discussões e seus aprofundamentos nas esferas judiciais. É a oportunidade de fazer-se a radiografia da operação do atual sistema, em Mossoró, buscando sua otimização e abrindo a caixa preta da terceirização, plantões etc..

* Veja a coluna anterior clicando AQUI.


Carlos Duarte é economista, consultor Ambiental e de Negócios, além de ex-editor e diretor do jornal Página Certa

Fonte: Carlos Santos

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