domingo, 24 de agosto de 2014

Porteira aberta




É difícil acreditar no controle da manada após o estouro da porteira aberta. É assim que se encontra, no Brasil, a política de segurança pública. Não há segurança pública nem privada.Fizeram uma campanha de desarmamento da população, sob a promessa de paz. Desarmar as pessoas é uma providência louvável, sob todos os aspectos estruturais.

Porém, sob a ótica conjuntural o desarmamento foi um tiro no pé. Porquanto desarmaram as vítimas e mantiveram armados os bandidos.A insegurança de ontem, sem o “desarmamento”, era menor e menos terrível do que hoje. Os “donos” das casas desarmados; os donos das ruas, armados até os dentes.

E o poder público, cínica e deslavadamente, pedindo ajuda da população.Tudo bem que não se deva estimular o uso de armas. Mas só se poderia fazer um desarmamento geral, com todo o aparato publicitário que a hipocrisia permite, se houvesse paralelamente uma ação de desarmamento da bandidagem. Não houve e nem parece sinal de haver. 

Facilitaram a vida da bandidagem, sob o argumento falacioso de que uma arma em casa é um risco permanente. Risco permanente é a incompetência do poder público na gerência da segurança.E ainda se faz a apologia da covardia. Não reaja. Seja bondoso e manso com o bandido, esperando sua compreensão para poupar-lhe a vida, mesmo roubando seus bens e avacalhando sua dignidade.

Ô capitalismo escroto de merda.Negam o socialismo com a defesa primária da propriedade e com a exaltação honrosa do individualismo. Depois, orientam para negar a propriedade e a honra pessoal como tática de salvar o que sobra miseravelmente da vida. Quem não garante a segurança do povo, ganhando para isso, não tem autoridade para fazer campanha educativa de ação e reação. Não tem autoridade moral, política nem funcional.

Quanto custou ao bolso da burra pública a campanha do desarmamento? E qual seu resultado nos índices de violência? Quando custou ao erário a campanha contra a PEC 37? E qual foi o resultado da dessa cretina campanha na estatística da impunidade? Basta o silêncio na resposta dessa pergunta para desmoralizar o aparato de segurança pública do Brasil da Constituição “cidadã”, fruto do civismo cínico da demagogia.

Não quero fazer apologia de armamento nem de reação física. Mas é de bom alvitre acentuar que a maioria das mortes em assaltos é praticada contra pessoas que obedecem aos bandidos.Taí o ano eleitoral. E nenhum compromisso confiável de política de segurança. Só promessas vagas e propostas ocas.

Quando se quer, se faz. Como se fez para proteger turistas na Copa.Antes de nome esse ou aquele, discurso esse ou aquele, só vejo um jeito de fechar a porteira. Uma nova Ordem Constitucional. É uma Constituinte Originária ou o caos. Té mais.

Fonte : Coluna plural do novo Jornal 17/08 /2014

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