Sábado, 08 de Maio de 2021
1. A Defensoria Pública e o Partido Socialista Brasileiro pedem ao STF que proíba operações policiais contra o crime organizado em comunidades do Rio de Janeiro “durante a pandemia”.
2. Mesmo sem existir qualquer lei que suspenda a repressão ao crime durante crises sanitárias, o STF ignora a separação de poderes, assume a função de gestor da segurança pública estadual e atende ao pedido: operações policiais “só em situações excepcionais”, que o Supremo não define (nem pode definir, pois não tem competência legal nem técnica para fazê-lo). Isso em meados de 2020.
3. Diante da inevitável redução da repressão, o crime organizado, como não poderia deixar de ser, prospera: mais dinheiro, mais fuzis, mais poder. No Jacarezinho, dominado pelo Comando Vermelho, um integrante da facção se especializa em esquartejar e sumir com os cadáveres dos moradores da comunidade que, digamos, não contam com a simpatia da organização criminosa. A facção passa aliciar crianças de 12 anos não só para o tráfico mas também para homicídios, roubos e até sequestros de trens da Supervia. Os criminosos colocam barreiras nas vias públicas. A liberdade de ir e vir dos moradores só vai até onde o tráfico permite.
4. Diante desse descalabro,a polícia faz uma operação para prender os criminosos. É recebida a tiros de fuzil, que matam um policial e ferem dois. Respondendo ao fogo dos marginais, a polícia, em legítima defesa, mata 24 delinquentes. Seis marginais são presos. São apreendidos 16 pistolas, 6 fuzis, uma submetralhadora, uma escopeta, 12 granadas e até munição de canhão.
5. Diante desse quadro, com os moradores do Jacarezinho vivendo sob o jugo do Comando Vermelho, alguns sendo esquartejados, outros tendo suas crianças aliciadas pelos traficantes, a Defensoria Pública anuncia que, juntamente com o PSB (seria uma espécie de coligação partidária?) voltará ao STF, agora para pedir investigação.
Investigação contra o Comando Vermelho?
Claro que não! Investigação contra os policiais.
Tudo com o nosso dinheiro, é claro.
Não temos palavras. Ou melhor, temos, mas são impróprias para menores.
Marcelo Rocha Monteiro. Procurador de Justiça no Estado do Rio de Janeiro
Fonte: Jornal da Cidade Online
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