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quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

Após 38 anos, mulher é libertada de condições de escravidão em MG

Quarta, 23 de Outubro de 2020

Madalena Gordiano, uma mulher de 46 anos, há mais de 30, vivia trancada em apartamentos de uma mesma família; quando, finalmente, foi libertada por auditores fiscais do trabalho e pela Polícia Federal, no final do mês passado, em Patos de Minas (MG).

Ela vivia em condições análogas à escravidão desde os 8 anos, quando foi “adotada” pela professora, Maria das Graças Milagres Rigueira.

Impedida de sair do apartamento, ela passava dia após dia limpando o imóvel da patroa, sem salário, descanso ou férias.

O sofrimento da mulher começou quando ela ainda criança e batia na porta de casas para pedir comida.

"Fui lá pedir um pão para comer, porque estava com fome e não tinha pão na minha casa, aí ela [Maria] disse: 'Não vou te dar pão, você vai morar comigo'", contou a vítima em programa de televisão.

A “adoção” foi consumada, mas nunca formalizada, assim que a mãe de Madalena - que não tinha como criar nove filhos -, consentiu. A menina esperava um sonho, mas viveu um pesadelo. Assim que chegou à nova casa, ela foi tirada da escola, passando a viver os dias a ajudar os filhos de Maria e também desenvolver muitas outras tarefas domésticas.

O mais pavoroso na história é que Madalena relata que era entregue de um a outro familiar como se fosse objeto. Certa vez, depois de 24 anos morando na casa da professora, o marido da patroa começou a rejeitar a presença dela no local. A solução encontrada pela família foi “dar” Madalena a um dos filhos da professora, Dalton Rigueira. A rotina, porém, não mudou.

"Ela acordava às 4h da manhã para poder passar roupas. Ninguém podia ver ela conversando com alguém do prédio. Você via que ela ficava com medo quando eles chegavam", contou um morador do prédio que não quis ser identificado.

A situação de Madalena era tão degradante que ela, nos últimos anos, começou a colocar bilhetes nas portas dos vizinhos; pedindo pequenas ajudas em dinheiro, para comprar produtos de higiene pessoal. Mesmo assim, em depoimento, Dalton afirmou que não considerava a mulher como empregada, mas sim, como parte da família.

Madalena foi resgata e vive, desde então, em um abrigo para mulheres vítimas de violência, de onde pode sair para alguns lugares sozinha. O ex-patrão, Dalton Rigueira, está sendo investigado pelo MPT por "submeter uma pessoa a condição análoga à escravidão" e por "tráfico de pessoas". A mãe dele, Maria das Graças, também pode ser responsabilizada, já que crimes desse tipo não prescrevem.


Fonte: Jornal da Cidade Online

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