martins em pauta

quinta-feira, 25 de abril de 2019

Experimento alerta para perigos de ataques cibernéticos em implantes de microchips

Quinta, 25 de Abril de 2019


NA SUÉCIA, MAIS DE 3 MIL PESSOAS IMPLANTARAM NAS MÃOS CHIPS QUE PERMITEM PAGAMENTOS OU LIBERAÇÃO DE CATRACAS (FOTO: BBC)

um congresso em Miami (EUA), há alguns anos, o engenheiro de segurança cibernética Barnaby Jack, da McAfee, fez uma demonstração digna de filme de James Bond. Remotamente, assumiu o controle de uma bomba eletrônica de insulina, do tipo usado por milhares de diabéticos, e a programou para administrar doses fatais. O usuário não perceberia nada.

O experimento tinha o objetivo de alertar o setor de medicina para os perigos na introdução de novas tecnologias, caso fabricantes não encarem segurança digital como prioridade. Já é realidade a categoria dos insideables — chips inseridos no organismo para registrar informações, coletar dados, recuperar funções ou capacitar o corpo a executar novas tarefas. Podem ser usados para outros fins: na Suécia, mais de 3 mil pessoas implantaram nas mãos chips que permitem pagamentos ou liberação de catracas.

Assim como o marca-passo se tornou um aparelho difundido, especialistas acreditam que os insideables serão comuns em menos de dez anos. Mas o setor de saúde nunca deu à cibersegurança a mesma atenção que dá o setor financeiro, por exemplo. Os bancos criaram áreas fortíssimas de segurança da informação e compliance porque sempre foram alvo de hackers e precisaram se proteger. Além do prejuízo financeiro que um hacker pode provocar, há o potencial prejuízo de imagem. Como uma instituição financeira deve oferecer credibilidade, uma invasão cibernética pode minar sua solidez de maneira irrecuperável.

A nova medicina, ou a chamada healthtech, pode ser alvo de dois tipos principais de ataques cibernéticos: terrorismo e acesso a dados. Há cerca de dois anos, começou a ser construído em Israel o primeiro hospital de cibersegurança do mundo. Fica em Beer Sheva, cidade ao sul do país, que vem se tornando o maior polo global de cibersegurança, com forte presença de empresas desse segmento, startups, universidades, fundos de venture capital e do governo israelense, incluindo unidades de inteligência.

Nesse hospital, os equipamentos são submetidos aos mais rigorosos testes de vulnerabilidade, para que se garanta que um aparelho de raios X, por exemplo, não possa ser hackeado, com o paciente recebendo doses inadequadas de radiação; ou para que se garanta que prontuários médicos estejam seguros e não possam ser acessados indevidamente.

O Ponemon Institute, empresa de pesquisa especializada em privacidade e segurança de dados, avaliou, em 2017, milhares de hospitais e fabricantes de equipamentos de saúde em diferentes países. Demonstrou que, embora cerca de 60% deles acreditassem estar vulneráveis a um ataque hacker, apenas 16% investiam recursos significativos para se prevenir contra essas ofensivas.

O investimento em cibersegurança não tem a mesma precisão que encontramos em outras tecnologias. Um sistema aberto nunca estará 100% seguro. Portanto, investir em cibersegurança requer experiência, que gera aprendizado constante. O setor de healthtech deve colocar o tema como prioridade e tratá-lo com a seriedade que ele exige.

Época Negócios

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Contato : (84) 9 9151-0643

Contato : (84) 9 9151-0643