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quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Drauzio Varella pede a juízes para conhecerem cadeias antes de aplicar penas

Quarta, 29 de Agosto de 2018

Foto: CNJ

“Os juízes encarregados de distribuir penas deveriam conhecer as cadeias para as quais mandam as pessoas”, recomendou o médico Drauzio Varella durante a palestra “Saúde como Direito”, realizada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), nesta segunda-feira (27). O evento precede o Encontro Nacional do Poder Judiciário. O médico afirma que as facções do crime organizado usam o tráfico de drogas para oferecer ocupação e renda para jovens marginalizados, avançando no sistema penitenciário e ampliando seu controle em comunidades de baixa renda.

Drauzio apontou a violência como uma das três maiores causas de morte no país, junto com doenças cardiovasculares e o câncer. O especialista em oncologia ainda informou que, em São Paulo, há 18 mil pessoas ligadas à Primeiro Comando da Capital (PCC), além de outras 12 mil no restante do território nacional, sem contar o contingente de outras facções. “Não atacamos o tráfico e criamos uma situação que vai agravando os problemas todos. Não é possível que não se tenha uma solução administrativa para isso”.

Sobre a superlotação das prisões, o autor do livro “Estação Carandiru”, afirmou que em 1989 o país já possuía uma população carcerária de 90 mil presos e atualmente passa dos 600 mil. “Não é que não prendemos. Prendemos muito mais, pelo menos sete vezes mais do que em 1989 e a violência não diminuiu. Ao contrário, aumentou”, disse o médico. “Ou a gente encontra alternativas para o aprisionamento ou não haverá saída.”

Drauzio também falou sobre a judicialização da saúde pública. Para Drauzio Varella, o Estado deveria priorizar a saúde básica por ser um segmento que, se funcionar bem, resolverá 90% dos casos de saúde pública. “Saúde é um dever do cidadão, que deve cuidar da sua própria saúde. E se o cidadão não tem condições é aí que entra o papel do Estado”, declarou.

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