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sábado, 24 de outubro de 2015

Delator 'passa a acusar até a mãe para poder sair da cadeia', critica Lula

Sábado, 24 de outubro de 2015



O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou na noite desta sexta-feira (23), durante um um ato pela educação promovido pelo PT, em Salvador (BA), o uso da delação premiada durante as investigações da Operação Lava Jato. Os acordos de delação preveem que o acusado dê informações sobre delitos cometidos e aponte meios de obtenção de prova, em troca de redução de pena numa futura condenação. "Estamos vivendo um momento excepcional, em que o cidadão é preso e esse cidadão tem a promessa de ser solto se ele delatar alguém. Aí, ele passa a delatar até a mãe, se for o caso, para poder sair da cadeia. O dado concreto é que nós estamos vivendo quase um estado de exceção. [...] A gente não pode permitir que joguem nas nossas costas a pecha daquilo que nós não somos", afirmou Lula. Segundo o ex-presidente, "não dá para a gente ficar vendo ladrão chamar a gente de ladrão. Não dá. Não dá para a gente viver numa sociedade onde as pessoas são condenadas antes de serem julgadas". Durante o discurso, Lula citou o PSDB, principal opositor do governo petista, e afirmou que sente raiva quando vê "corruptos históricos falando de ética". "Obviamente que nós achamos que quem errar neste país tem que pagar. Não defendemos quem pratica corrupção, não. Mas, às vezes, eu vou ficando irritado porque parece que os empresários tinham dois cofres: tinha um cofre do dinheiro bom e um cofre do dinheiro ruim. E parece que o PT só ia no dinheiro ruim. O bom era para o PSDB, para os outros partidos políticos", criticou Lula. Em junho deste ano, ao conceder entrevista nos Estados Unidos, a presidente Dilma Rousseff também criticou a delação e afirmou que não respeita delatores. Na ocasião, a petista argumentou que não respeita delatores porque foi presa política durante o regime militar (1964-1985). "Eu não respeito um delator, até porque eu estive presa na ditadura e sei o que é. Tentaram me transformar em delatora, a ditadura fazia isso com as pessoas. Eu garanto para vocês: eu resisti bravamente e até em alguns momentos fui mal interpretada quando disse que, em tortura, a gente tem de resistir porque, senão, você entrega. Não respeito nenhum, nenhuma fala", disse a presidente na ocasião.

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