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quarta-feira, 11 de março de 2015

Perspectiva para investimento da indústria em 2015 é negativa, diz FGV

Quarta, 11 de Março de 2015


por Mariana Sallowicz | Estadão Conteúdo
Foto: Reprodução Jefferson Bernardes / Veja

Em um cenário em que há mais empresas dispostas a investir menos do que em ampliar os gastos nos próximos 12 meses, a perspectiva para o investimento produtivo do setor industrial em 2015 é extremamente negativa, com possibilidade de melhora somente a partir do segundo semestre do ano. "O ímpeto para investir dos empresários está ainda menor neste início de ano do que estava nos trimestres de 2014. Há uma continuidade do período de desaceleração e isso dá uma perspectiva muito ruim para o investimento produtivo do setor industrial em 2015", afirmou o superintendente adjunto de Ciclos Econômicos da Fundação Getulio Vargas (FGV), Aloisio Campelo. A Sondagem de Investimentos, divulgada nesta quarta-feira (11) pela FGV mostrou que, para os 12 meses seguintes, 27% das empresas preveem investir mais, enquanto 31% devem reduzir esse tipo de desembolso. Trata-se da primeira vez em que há uma proporção maior de empresários que desejam diminuir os investimentos ante os que avaliam elevar esses gastos, com saldo negativo de quatro pontos percentuais. Campelo pondera que esse cenário pode mudar ao longo do ano, mas ao menos no primeiro semestre a fase de desaceleração deve continuar. "O setor espera que pelo menos esses dois primeiros trimestres sejam bastante difíceis, com crescimento baixo e lucratividade também. Além disso, o consumidor está pessimista e endividado e a taxa de juros está mais alta. O ambiente macro não está favorável para o crescimento" afirmou. Na visão do especialista, somente a partir do segundo semestre isso pode ser revisto, "à medida que as perspectivas da economia forem gradualmente se tornando mais favoráveis". Um outro ponto negativo destacado pelo superintendente da FGV é que o nível de utilização da capacidade (Nuci) também está abaixo da média histórica, com ociosidade crescente. "Há menos necessidade de investir e, considerando cenário de crescimento fraco, muitas empresas deixam o projeto de investimento engavetado". O Nuci está em 82,6%, enquanto a média é de 84%. Trata-se do menor nível desde 2009, quando chegou em 80,2%. Ainda de acordo com Campelo, a piora da economia no ano passado em relação às previsões iniciais e as perspectivas negativas para 2015 fizeram com que as empresas industriais registrassem a menor taxa média prevista de expansão da capacidade de produção para um triênio. O porcentual para o período de 2015-2017 ficou em 15,7%, o mais baixo desde o início da série histórica da sondagem divulgada hoje. No ano passado, já havia sido registrada a menor taxa desde quando a pesquisa começou a ser realizada, com 19,6%. Campelo lembra que os especialistas previam, na virada do ano passado, que a economia brasileira cresceria em 2014. Como o cenário não se concretizou e a indústria foi uma das mais impactadas, o setor pisou ainda mais no freio. Além disso, as sinalizações da economia para este primeiro semestre são muito negativas, o que "calibra ainda mais para baixo a necessidade do quanto precisa expandir a capacidade para atender à demanda". Para o especialista, pode-se considerar que, diante desse cenário, as empresas tendem a ser "um pouco otimistas", uma vez que estão planejando ampliar a capacidade entre 2015 e 2017.

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