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quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Em crise, vôlei do Brasil pode levar suspensão de 1 ano

Quinta, 18 de Dezembro de 2014

por Jamil Chade | Estadão Conteúdo
Foto: Divulgação

O vôlei brasileiro, esporte que representa a maior chance de medalhas do País nos Jogos Olímpicos de 2016, pode ser suspenso por um ano de partidas internacionais, afetando de forma profunda a preparação da equipe para o evento no Rio. A crise ainda promete abrir um caos sem precedente na modalidade no Brasil, afetando o vôlei feminino e o vôlei de praia, além de várias competições.

Na semana passada, uma crise sem precedentes foi aberta no esporte brasileiro. A Federação Internacional de Vôlei (FIVB) anunciou punições ao treinador Bernardinho e alguns atletas da seleção por conta das polêmicas em que se envolveram durante o Mundial da modalidade, em setembro. A Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), em resposta, criticou o presidente da entidade internacional, o também brasileiro Ary Graça. Segundo a confederação, a punição foi uma retaliação às denúncias de corrupção contra Graça.

Mas, como forma de protesto, a CBV anunciou que estava abandonando a organização da fase final da Liga Mundial, que estava agendada para ocorrer no Brasil. A FIVB deixou claro que, se o Brasil mantiver sua decisão de não organizar as finais da Liga Mundial de 2015, um procedimento disciplinar será aberto. Por enquanto, a entidade prefere não revelar qual será a punição. Mas suas regras são claras.

Segundo o artigo 15.5 do Código de Disciplina da FIVB, o "fracasso em organizar uma competição" resulta em quatro sanções. A primeira delas é a suspensão do Brasil de "participar de competições internacionais" por "até um ano". O tamanho da sanção depende da importância do torneio que foi abandonado pelo país. No caso do Brasil, trata-se de um dos eventos de maior relevância no calendário.

A retaliação poderia afetar os times brasileiros justamente às vésperas da Olimpíada e em uma modalidade que tem chances de trazer quatro ouros para o anfitrião, duas no vôlei de quadra (masculino e feminino) e outras duas no vôlei de praia (entre homens e mulheres).

Existe ainda uma importante multa. Além de uma cobrança que varia entre US$ 44 mil (R$ 120 mil) a US$ 110 mil (R$ 300 mil), o Brasil terá de "reembolsar as taxas, gastos e perdas de renda" do evento à entidade internacional. Se não bastasse, a confederação nacional terá de pagar sobre esse valor uma taxa de juros de 1% ao mês a partir do dia do cancelamento do evento. A conta, ao final, ficaria na casa dos milhões de dólares.

Outra medida disciplinar prevista é a suspensão do Brasil por quatro anos da organização de qualquer tipo de evento internacional. Isso certamente afetaria etapas do Grand Prix e do vôlei de praia.

Mas a polêmica maior seria a Olimpíada de 2016, no Rio. Teoricamente, a FIVB poderia também suspender o evento. Mas, no Comitê Olímpico Internacional, ninguém acredita que a FIVB dê um "tiro no pé" anulando sua própria competição em seu momento mais importante. "Existem contratos com patrocinadores e dezenas de compromissos", alertou um membro do Comitê Organizador dos Jogos do Rio. "Ninguém no COI acha que serão loucos a esse ponto", disse.

NEGOCIAÇÃO - Mesmo assim, diante da crise aberta, a estratégia adotada pela FIVB agora é a de tentar negociar uma saída para a crise com o Brasil. Fontes da entidade com sede na Suíça indicaram à reportagem, com exclusividade, que estão negociando um entendimento com os cartolas brasileiros e que, em janeiro, reuniões serão convocadas para tentar dar um ponto final à crise e tentar manter o torneio mundial no Brasil em 2015.

"Isso é algo sem precedentes", declarou Richard Baker, porta-voz da FIVB. "Estamos buscando esclarecimentos com o Brasil", insistiu. Segundo ele, os contatos neste momento estão ocorrendo por e-mails e telefonemas. Mas consultas formais serão lançadas no início de 2015. "O processo completo de esclarecimento vai começar no início de janeiro", disse. "Dependendo de como avançar, vamos estabelecer um prazo".

Apesar de deixar uma janela aberta para a negociação, Baker deixou claro que, se um entendimento não for atingido, a FIVB "vai abrir um procedimento disciplinar" contra o Brasil. "Não há como prever qual pode ser a decisão", disse. "Mas insisto que o cancelamento do evento é algo que jamais ocorreu", alertou.

"O evento denominado finais da Liga Mundial 2015 é um dos principais eventos anuais da Federação Internacional de Voleibol e não pode ser tratado dessa forma", completou a FIVB.

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