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sábado, 13 de setembro de 2014

Insatisfeito com o Incra, MST fecha BR-406 por 2 horas

13 de setembro de 2014

O impasse entre o  Incra e o MST levou os trabalhadores sem terra a interditarem por duas horas, no começo da tarde de  ontem, o tráfego de veículos na BR-406 entre Natal e Ceará Mirim, mesmo havendo uma determinação da Justiça Federal contra o bloqueio das rodovias federais no Rio Grande do Norte. 
Bloqueio da BR-406 durou pouco mais de duas horas - Foto:Júnior Santos

Pelo menos 30 homens do Núcleo de Operações Especiais (NOE) da Polícia Rodoviária Federal (PRF) chegou ao local do bloqueio, que começou em torno de 13h30 e se prolongou até às 15h30, caso houvesse a necessidade do uso da força policial para desobstrução da rodovia federal, no trecho situado a uns 500 metros do distrito de Massaranduba, em Ceará-Mirim.

Para o inspetor Roberto Cabral, só a presença do choque da PRF serviu para influenciar a decisão do MST de desmobilizar a manifestação na BR-406, onde os trabalhadores sem-terra montaram duas barricadas no leito da rodovia, com distância de uns 200  metros entre elas. Uma terceira barricada ficou no meio delas, na entrada de uma estrada vicinal que liga a 406 ao distrito de Serrinha, em São Gonçalo do Amarante.

“Felizmente, houve o entendimento e não foi necessário o uso progressivo da força, até porque os trabalhadores sem terra tinham conhecimento de que havia uma determinação judicial contra o bloqueio das rodovias federais no Estado”, afirmou Roberto Cabral. 


Cabral declarou, ainda, que se buscou esgotar toda a negociação para evacuação da área bloqueada,“mostrando tínhamos uma obrigação a ser cumprida, uma determinação da justiça federal e eles foram sensíveis”. 

O inspetor do NOE da Polícia Rodoviária Federal, Péricles Santos, foi quem abriu as negociações com uma comissão do MST e ouviu deles que já sabiam da decisão judicial desde a noite da quinta-feira (11). O policial rodoviário explicou que reconhecia o direito dos sem-terra, mas esclareceu que a situação era diferente e que se fosse necessário tinha de garantir o direito constitucional de ir e vir das pessoas, com  base na determinação da Justiça Federal.

A comissão do MST chegou a pedir 30 minutos para decidir sobre a desobstrução da BR-406, a única que foi interditada na tarde de ontem, mas Péricles Santos só deu 15 minutos. Às 15h25 a rodovia foi desbloqueada, com a retirada dos pneus dos dois lados da pista, para onde foram deslocadas pelo menos 15 viaturas, entre as quais duas ambulâncias, uma da PRF e outra do Corpo de Bombeiros, além de um ônibus do Batalhão de Choque da Polícia Militar e viaturas da PRF.

Em seguida ao desbloqueio da rodovia federal, o trânsito continuou lento por mais meia hora desde Massaranduba até 500 metros antes da rotatória que dá acesso ao Aeroporto Internacional Aluizio Alves, em São Gonçalo do Amarante. O coordenador da área de educação do MST, José Santos, explicou que além de cumprir a decisão judicial, o movimento desbloqueava a rodovia “por questão de resguardo da vida dos trabalhadores, porque a força policial quando vem, vem para reprimir ”.

“Que fique claro, que se houvesse algum confronto e vida em risco, seria responsabilidade dessas pessoas que criaram de última hora um comitê de crise, que existe por incompetência de quem está lá e não resolve questões como agilidade nas vistorias de terras e mais infraestrutura para os assentamentos”.

Bate-papo - Lucenilson Ângelo
Representante do MST/RN

“Movimento se tornou muito mais amplo”

Quantos acampamentos e assentamentos do MST existem aqui no Rio Grande do Norte?
Aqui no Estado a gente tem cerca de quarenta acampamentos e em torno de sessenta a setenta assentamentos.

Existe uma região do Estado que tem maior concentração desses assentamentos?
Sim. Duas regiões, do Mato Grande e de Mossoró. 

Qual a diferença entre assentamentos e acampamentos?
O acampamento ainda está no processo de luta, quando ainda não foi desapropriado. O assentamento já foi consolidado, o pessoal já conquistou a terra. Porém, não significa que a luta parou, na verdade ainda falta muita coisa. Enquanto faltar saúde, educação e moradia digna, a reforma agrária ainda não se consolidou.

Quantas pessoas participam do MST no Rio Grande do Norte?
A gente acompanha em torno de 9 mil famílias em assentamentos, em torno de quatro pessoas em cada uma. Em acampamento são em torno de 4.500 famílias.

Existe algum critério, e que critério é esse, para que alguém integre o MST?
É um processo de luta. As famílias que estão em luta integram o movimento. Em segundo a organização: existe uma estrutura de organização, cada assentamento com associação e cooperativas ligados ao Movimento Sem Terra. E, principalmente, o trabalho. As famílias que produzem se organizam para uso da terra. No caso dos acampamentos, são famílias de trabalhadores rurais, de baixa renda, que não têm terra para trabalhar.

Existem pessoas que não são trabalhadores rurais no MST?
Ao longo do tempo, o movimento se tornou muito mais amplo. Hoje é um orgulho termos pessoas da área de Comunicação, jornalistas, filhos de assentados que hoje fazem essa parte dentro do movimento, e outras atividades, de acordo com o desenvolvimento da família assentada. Temos médicos, filhos de assentados, um se formou em Cuba, chegou duas semanas atrás. 



Fonte: Tribuna do Norte

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