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quinta-feira, 15 de maio de 2014

Marinho parte para o ataque

15 de Maio de 2014 

São Paulo (AE) - Isolado em seus domínios e acuado pelo Ministério Público que lhe atribui recebimento de propinas no caso Alstom, o conselheiro Robson Marinho, do Tribunal de Contas do Estado, reagiu enfaticamente ontem e partiu para o confronto com os promotores que o acusam de favorecer a multinacional francesa em contrato de 1998 com a Eletropaulo, antiga estatal de energia de São Paulo. “Vou permanecer nesta cadeira”, afirmou Marinho, ex-chefe da Casa Civil do governo Mário Covas (PSDB), em desafio público aos investigadores, antes da abertura da sessão plenária da Corte de Contas do Estado.

Arquivo/TNMarinho: pronunciamento no plenário do Tribunal de Contas


É o mais contundente pronunciamento de Marinho desde que se tornou alvo do escândalo Alstom, suposto pagamento de comissões a agentes públicos. Na ocasião, foi firmado o Aditivo X do contrato Gisel (Grupo Industrial para o Sistema Eletropaulo) - fornecimento de equipamentos para três subestações. O procedimento jamais foi julgado pelo TCE. Apesar do valor de US$ 50 milhões, não houve licitação.

Documentos do Tribunal de Belinzona (Suíça) levaram o Ministério Público a sustentar que ele recebeu US$ 2,7 milhões em conta de Genebra, titularizada pela offshore Higgins Finance, constituída nas Ilhas Virgens Britânicas, da qual Marinho e sua mulher são os beneficiários econômicos.

Ele acusou o promotor de Justiça Silvio Marques de “orquestrar uma intensa campanha de difamação” contra ele e de “vazar informações para os jornalistas e, não raro, informações mentirosas”. Afirmou que quer ser submetido a um processo judicial para poder se defender. Garantiu que jamais recebeu “um único tostão, um único dólar da Alstom, nem na Suíça, nem no Brasil”. Também mirou a ditadura militar e contou que foi preso “inúmeras vezes” pela Aeronáutica e pelo Exército porque se pôs defensor da “democracia no nosso País”.

Não falou, porém, sobre o fato de a Alstom ter custeado sua viagem à França, em 1998, para assistir à Copa do Mundo de futebol - na ocasião, aproveitou para visitar algumas empresas da multinacional na Europa. Também não fez uma única menção à offshore nem à origem dos valores depositados em sua conta de Genebra. Não esclareceu por que contratou advogados suíços para impedir o envio ao Brasil de extratos da conta que antes negava possuir.

As palavras do ex-braço direito de Covas pegaram de surpresa o pleno, formado por todos os conselheiros do TCE, sete ao todo. Marinho nunca havia rechaçado em público as acusações. Dedo em riste o fez ontem, de sua bancada, metido na toga preta de magistrado de contas. Por sua manifestação Marinho recebeu o silêncio dos pares. Ninguém a ele se dirigiu, nem uma reverência sequer.

Fonte: Tribuna do Norte

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