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sábado, 12 de abril de 2014

Violência e drogas assombram dia a dia de professores mossoroenses


Casos de violência nas escolas estão cada vez mais constantesCasos de violência nas escolas estão cada vez mais constantes
Os recentes casos de violência e criminalidade nas escolas potiguares revelam um perigoso panorama no qual está inserida a educação pública no Rio Grande do Norte. 

Um dos casos que chamaram a atenção da sociedade recentemente foi o estupro de uma jovem de 19 anos, com deficiência intelectual, por outro jovem de 17 anos em uma das salas de aula do Centro de Educação de Jovens e Adultos (Ceja), onde ambos eram estudantes. O crime expôs parte da realidade vivida por educadores na cidade. 
"Vivemos uma realidade muito complicada dentro das escolas, em especial as públicas. Estamos completamente desassistidos, pois lidamos com jovens que vêm de famílias desestruturadas e precisam de acompanhamento especial que não podemos oferecer. A escola precisa ser um apoio à família, mas hoje estamos fazendo muito mais do que isso", afirma o professor Ubirajara Gurgel, docente no Ceja. 
Ele ainda ressalta que a violência nos arredores da escola tem se tornado uma constante e que vários colegas já sofreram ameaças e assaltos em frente à instituição de ensino. 

Outro episódio emblemático no ensino potiguar foi o assalto a um professor ocorrido dentro de uma sala de aula em Natal, no último mês. O episódio, apesar de extremo, faz parte do cotidiano de vários professores da cidade, que convivem com ameaças, furtos e agressões. 
"Os professores como um todo se sentem muito ameaçados. Nós tentamos de todas as maneiras buscar o diálogo com os jovens delinquentes, mas a grande maioria não quer conversar e parte logo para a coação", afirma a gestora acadêmica Sandra Pinto, que ainda afirma ter como principal concorrente as drogas, que rodeiam a instituição e são consumidas pelos alunos. 

A educadora comenta que um dos grandes problemas que sua escola vive é a presença constante de alunos desistentes dos estudos que rodeiam as cercanias em busca de drogas, e às vezes até vendendo entorpecentes. Ela ressalta que muitos alunos acabam por fugir das salas, em busca de más influências que as levam para a criminalidade e as drogas. 
Em fevereiro deste ano, a Câmara Municipal de Mossoró (CMM) aprovou um projeto de lei do vereador Lairinho Rosado que trata da instalação de câmeras de monitoramento nas escolas, da presença da Guarda Civil, da formação de comissão de segurança, da realização de campanhas de conscientização e da realização de convênios com outros órgãos.

De acordo com docentes procurados pela reportagem do jornal O Mossoroense, a instalação de câmeras é um dos pontos mais importantes a serem discutidos para uma política de segurança nas escolas. De acordo com eles, grande parte dos furtos poderia ser evitada com os equipamentos de segurança. 
"Temos uma 'alta temporada' de furtos nas escolas, que se dá no início de todos os anos, quando as turmas estão completas e cheias de alunos desinteressados. Estes alunos não só furtam, como depredam a escola e cometem ilegalidades, e nós não temos como conter ou puni-los. Com o decorrer do ano, quando a maioria desses alunos desiste, ou é expulsa da escola, esses furtos diminuem", comenta a docente Sandra Pinto.

Interação entre pais e escola no combate às ilegalidades
As inúmeras diferenças entre as escolas públicas e privadas no Brasil são gritantes. O aparato financeiro que respalda as instituições particulares e, ao mesmo tempo, é escasso nas escolas públicas é um dos fatores decisivos na postura educacional tomada por essas agremiações e seus docentes. 
Um dos grandes problemas apontados pela maioria dos professores de ensino público é a falta de participação das famílias na vida acadêmica dos alunos. Eles apontam que a vida desestruturada a qual são submetidos crianças e jovens é levada para dentro de sala e cria inúmeros transtornos. 
"A violência nas escolas é reflexo da violência que existe em outros setores da sociedade e que é absorvida por jovens e adolescentes da pior maneira possível, e eles, por sua vez, trazem essa violência para a sala de aula", comenta uma docente que prefere não se identificar. 

De acordo com Washington Barros, coordenador pedagógico de um colégio particular em Mossoró, o segredo de muitas escolas privadas, que mantêm afastados de sua realidade os crimes e indisciplinas, é a clareza em relação às suas normas e regras, o respeito que precisa ser tido com professores e coordenadores, e uma relação dual entre escola e família.

"A escola privada está sempre mostrando aos pais que existe um regimento, uma ordem que precisa ser respeitada. Aqui existe toda uma estrutura que intermedeia a relação entre aluno e professor, como psicólogos, pedagogos e coordenadores, e mais do que isso, há uma relação parceira entre a família e a escola", comenta Washington.
O coordenador ainda comenta que existe a necessidade de que os pais acompanhem a vida dos alunos, que isso se torne constante, assim como a escola tem por dever conhecer as peculiaridades da vida de um aluno e procurar a melhor maneira de ensinar diante delas.


Fonte: O Mossoroense



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